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Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

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sexta-feira, 4 de outubro de 2013



quem é você dentro de mim
que não teme a opinião alheia
que se alimenta de dinamite
que explodindo não incendeia
quem é você por trás de meus atos
que quando concordo suspeita
que quando aceito discorda
que quando adormeço não deita

quem é você escondida em meu corpo
que arranca as folhas da agenda
que vive fazendo a minha mala
que não reconhece a minha letra
quem é você invisível no espelho
que sempre me despenteia.

                         Martha Medeiros
(Uso esta poesia que muito admiro
 de pano de fundo para meu humilde texto abaixo.)


   No lugar onde estou agora é meio mosaico meio um vidro que devido a um impacto sobre ele adquiriu ao invés de cacos, vários filamentos. Topograficamente, uns de longa extensão outros sem chegar a se evoluir. 
 Estou em plena inauguração de uma nova rachadura, esta, não como as outras, possui um aspecto que não tinha intenção de causar de fato alguma impressão. Dela se originam várias ramificações semelhantes às raízes profundas de uma árvore. Esta, não será esquecida, pois é de uma beleza melancólica e se destaca entre tantas interligadas.
  Às vezes, a beleza nasce da tristeza mesmo. Sem intenção de criação. Às vezes, até uma rachadura em um lugar apropriado cria um novo aspecto ao nada. É como ver desenhos nos descascados de uma parede sofrida pela ação do tempo, ainda que desbotada.
 É assim que me vejo por dentro, a superfície de onde estou agora não é intacta, e aparenta ter mais idade do que sou mais forte do que sou mais falante do que sou. É uma composição da mesma matéria que são feitas as sinapses neurais. Fonte ativamente elétrica, que me conduz os estímulos mais profundos. É o que me faz sentir mesmo sem ver de onde veio, o que me faz querer apalpar o invisível com as mãos do pensamento.
 Sou apenas uma marionette cheia de fios diante da sua grandeza, essa biomecânica impalpável denominada de alma. Muitas vezes senti meu corpo desengonçado, sendo movido por uma força maior que a tração muscular. Uma alavanca invisível aos olhos. Que quando eu parei andou. Que quando eu me abandonei foi me buscar.
 Estou sentada dentro dessa imensidão alma, contemplando mais uma de suas cicatrizes. Posso ver uma luz que irradia singelamente por entre as lacunas de seus filamentos, fazendo raios suaves, me aquecendo de vez em quando.
 Sou um minúsculo casulo dentro de um casulo maior. Apenas um de nós se tornará de fato uma borboleta. Tudo que lhe disseram sobre sair do casulo, na verdade, nunca acontecerá. Pois apenas esse casulo maior dentro de você se libertará em asas.
Nós sempre seremos meros casulos.





 Ainda que meus lábios 
não produzam som
Ainda que meu corpo
todo se silencie
todavia Deus
conversará com minha alma
Ainda que meus olhos
expressem toda a dor
e que toda poesia seja escrita neles
somente Deus entenderia de fato
o que eles dizem
Ainda que meus olhos não o viram
Ele apalpa minhas fragilidades
e me faz forte
Ainda que eu não perceba
todos os dias
a alma toca um melodia do céu
e mesmo que meus lábios
não traduzam
Deus compreende
toda a poesia
oculta ao homem.


quinta-feira, 3 de outubro de 2013



  Primeiro faço uma leve reverência a você, caro leitor, que reservou partículas do seu tempo nessa página principiante. Não sei se, de fato, escrevo alguma coisa profunda, mas não tenho dúvida quanto ao sentir. Levo as palavras tão profundamente a sério que creio ser isso o meu martírio.
   Às vezes, acho que estou gestante de um livro, um pequeno embrião composto por letras, que no devido tempo se formará por completo, só espero não ocorrer nenhum aborto espontâneo, que seria mais um grande infortúnio da vida.
 Nós todos temos um livro dentro de nós, uns falantes, outros que aguardam serem lidos, outros apenas folheados superficialmente, outros de difícil leitura, outros sem saber o que contar e aqueles, cujo suas páginas estão amareladas devido ao tempo, repletos de marcas de manuseio, rabiscos e cheiros, sublinhados pelas entrelinhas. Este último é o meu mais íntimo sonho. Ser um livro carregado entre memórias mais táteis que as próprias mãos. Sempre lido e relido mentalmente, lembrado com doçura pelas bonitezas de frases de uma vida. 
 Estou neste planeta há exatas duas décadas, me considerando parte dele por ser também um "pequeno pontinho pálido" na imensidão do universo. 
Decidi que quero me aproximar novamente deste contexto composto por aspirantes a poetas e escritores. Pensei: “Escrever, porque não? Se foi em apenas uma frase aleatória em uma folha em branco esquecida que surgiu uma mitologia própria de um homem.”
 Enfim, não tenho domínio da letra, mas quero de alguma forma fazer parte deste pequeno grupo que abraça por palavras. Como já disse, sou uma desajeitada quando o assunto é falar esse imenso dicionário desorganizado dentro mim. Se a comunicação fosse feita por papeizinhos, eis que seria eu mais confortável. 
 Ponho-me a disposição daquelas tímidas almas principiantes das letras como eu. Desde já afirmo, que aceito correspondências, pois minha alma é das antigas mesmo.
 Por favor, comentem apenas se houver o que realmente dizer. Não se façam de tolos diante dos olhos julgadores de quem vos ler. 
Tenho humildade suficiente para aceitar críticas que me façam crescer.
 Sublinho-lhes que não tenho nada de profissional, só quero transcorrer a poesia da minha alma pelos dedos.
E confesso, se estivesse diante de vocês, não diria uma letra.
Meu nome, pouco importa.

Calorosamente,

uma pequeno voz.