- Miss Nobody
- Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.
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sábado, 6 de setembro de 2014
Quem não sabe observar o céu com exploração minuciosa tampouco saberia encontrar passagens secretas nos olhos. Quando olho para o céu é como se estivesse observando um enorme olho. O céu é um labirinto se você observar como os seus olhos andam por ele. Tem uma luz das estrelas escondida nos olhos. É tudo muito secreto quando você sente.
Quando meus olhos encontram esses incontáveis olhos dos céus eu não me sinto perdida como em uma multidão de olhares tráfegos a luz do dia. Olhar para o céu é reconhecer, vai muito além do que mapear na memória constelações ou esperar com ansiedade a passagem meteórica ou a aparição de um cometa. Olhar para o céu é ver todas estas coisas dentro de mim, de outra forma, mas dentro. É descobrir uma constelação inédita, uma constelação particular. Eu olhei para o céu para compreender a minha tristeza, eu, uma suicida de sonhos, olhei para o céu para não morrer mais uma vez. E vi, por mais brilho que uma estrela possa ter, ela está circundada por uma expansão de escuridão, por mais quente que ela possa ser, ela está envolvida em um manto negro e frio que apenas cresce. E senti, porque seria diferente para mim? Talvez as estrelas explodem para colorir o céu. Mas elas não explodem quando querem, existe um tempo para acabar o combustível, existe um tempo para as coisas não fundirem mais. Porque seria diferente para mim? Queria ser sugada para um berçário estelar, mas já existe dentro de mim uma faísca, um resquício de início, um souvenir do Universo. Sou um embrião estelar feito de olhos, ou pelo menos estou encolhida dentro deles. As estrelas mostram o quanto morrer é um processo natural e a seu tempo e que mesmo assim não é o fim, é um novo início. Onde a fusão dá lugar a transformação. O céu nos ensina e não é de tempos modernos, tudo que aprendemos são sementes do passado que se enraizaram em uma misteriosa árvore de coisas cintilantes. Quando olhar para o céu lembra que nós parafraseamos estrelas. E elas, olhos que queimam, me sussurraram em vapor; vida.
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