
- Miss Nobody
- Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

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terça-feira, 25 de julho de 2017
Há um tempo em que nada
nos toca, o coração emudece
de tanto se enterrar vivo
o florescer se congela no tempo
não se sabe se o crescimento
se conservou ou se deixou atrofiar
o tempo em que a flor se acostuma
a tanto fechar-se
e tudo se adormece nessa temporada
de inverno dos sentimentos
quisera eu não sentir nada
mas nenhuma geleira é permanente
na aura do meu ser
meu coração inclina
atraído pelos sóis
- um coração cometa.
Das pedras que me atiraste
no relento do meu ser
ouve-las dizer
que nasceram
musgos macios na dureza
é um vista tão reconfortante essa
de sermos cobertos
de relvas tão modestas
uma pedra vestida macia
como mãos que as acolhem
diante de toda a sua paralisia
tanta coisa que se espalha na gente
uma pequena flor que não se afunda
mas brota da superfície
de uma pedra esquecida.
"As pedras falam,
e estou calado."
segunda-feira, 17 de julho de 2017
Será que um dia alguém olhou
outras rosas e se lembrou de mim
sem flor
e me desejou assim mesmo?
Ainda não sou flor
e nasci para ser flor?
Sou do relento
das cores adormecidas de inverno
dos galhos que ramificam
para ser sem enfeite
do vento
tenho afinidade com o gelo
e vejo beleza nos tons secos
quero ser o frescor
de uma mutante folha
que adoráveis são as folhas
tantas vezes pisoteadas
que se desprendem
para renascer no mesmo ponto
uma só folha
quantas passagens de cores
nada permanece na cor
que nasce
uma folha enfrentando o vento
combina mais com meu desalinho
flores
eu me aproximo de ti
no despetalar do ser
que perdendo os seus vestidos
ainda forra o chão de delicadeza
quero ser aquela queda suave
de cheiro
alguém passou aqui
e soube se deixar.
sábado, 15 de julho de 2017
Ela é um mundo gelado
olhando a primavera
mas não seria o inverno
tão mágico que esconde
debaixo de si
uma primavera adormecida?
não seria nesse inverno
que algumas coisas
ao se congelarem
são protegidas
é deslumbrante olhar a natureza
e saber que até a beleza dorme
e tudo se derrete outra vez
revelando uma coisa
dentro de outra
talvez esse inverno em ti
te mostre o som faiscante
do que desperta
sobre esse manto frio
descansa tudo
que pode florir
Então ela olha de novo
para esse mundo tão branco de si
e diz
ela é um mundo gelado
que vela a primavera
é um sussurro de beijo frio
um cristalizado doce
pronto para se desfazer
esse inverno é tão atento
aos pássaros que vão retornar
trazendo sementes voadoras
que se espreguiçam sob os seus pés
que se espreguiçam sob os seus pés
Ela é um mundo gelado
um jardim coberto.
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