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Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

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quinta-feira, 30 de agosto de 2018



Os dias passam e já não
esperneio tanto com a vida
a substância desses dias
me colocam num lugar de 
anestesiamento depois de tanto
gritar em vão
como um animal enfraquecido,
mudo, insignificante diante
de seu próprio contorcionismo
e eu agradeço por chorar sem
sentir dor
por chorar tão baixinho que já não sei 
mais o que estou sentindo
ainda ouço os passarinhos lá fora
o ruído que sai das coisas
só me comovem quando me deito
no meu completo silencio 
e deixo eles me cobrirem das suas vibrações
Há dias que não faço mais
barulho, encolhida
procurando na minha pequena
reserva de doçura algo em 
que me abrigar
faço doces como minha avó fazia
faço misturas mágicas de
sabores
mantenho cadernos de receitas 
combinados a poesia
transcrevo palavras, me lambuzo
de algum néctar, mel em paisagens que não existem
tento viver como se tudo fosse ficar
doce no final
Vovó, o que tanto ando esperando?
Queria voltar para a casa que 
ainda não tive
abrir alguma porta de morar
estou cansada de ter que ir
embora,
vovó, como faço pra ficarem mais
um pouquinho?
fazer as visitas gostarem de se acomodar?
Faz tempo que não gosto mais de leite
é de uma pureza que fujo
E que só me desce quando estou febril
e lembro como a sua quentura branca 
com pitadas de sal e açúcar
fazem lembrar de um tempo que não volta mais
a inocência de que tudo se curaria em casa
Mas tenho aprendido vovó a me lembrar 
das coisas
de antes 
desses pequenos momentos de conforto
e cuidado que nem sabia que ficariam em mim
quando você se fosse.



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