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Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

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sábado, 19 de janeiro de 2019


madrugada, ronrons de gatos a tintilar 
o peito
câmera lenta de uma concha à beira
do mar
eu vim ser beijada pelas espumas
sinto borbulhas de pérolas
num lugar onde tudo cintila
no vazio negro de uma concha
ecos marítimos
conexão à distância
conchas florescem? 
florescer, palavra além das rosas
o peito querendo amar a abertura
isso é florescimento
desejos de conchas
acústico chamado
meu peito chia de um som de amor
o mesmo som dos gatos
mas tão inaudível pois necessita de toque
um pianista é a chuva para o piano
nota por nota, um som escondido
só as mãos é que sabem ouvi-lo 
mãos ouvir?
sim
mãos falam e ouvem, linguagem de 
silêncio
tirar o som de um objeto cheio 
de som oculto
mágica do toque
os sons não estão à vista
é necessário chegar até eles
é isso que faz as conchas serem
tão especiais?
lembram de coisas guardadas
sempre há algo no mundo
esperando ser aberto
baú dos teus braços
minhas costas de concha
respirar uníssono
olhar nos teus olhos e dizer
te respiro
sons e conchas
corpos e mudez
estetoscópios do seu rosto em
meu peito
ser ouvida na sua forma de concha
é como ser achada
no meio da areia do mar. 


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