tag:blogger.com,1999:blog-38259224847453700522024-03-20T08:09:36.843-07:00Microscópio de Alma"Meu espírito é como o fantasma de uma pessoa de outra época."Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.comBlogger106125tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-56954898888291841162024-03-09T08:57:00.000-08:002024-03-09T08:57:16.519-08:00Retrato Poema<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEDHsTNlpaPVm1dSCNtbrvrgKhw5PexCIZwQ0SbqEK-PBkXq_BsaXdXJt7UxZCgDUJXITcIEhRowXwgJTlpweUVwMF1PM4NOhlSOHxkpkMrfuN9C0oqinbzK1w10U1jMQsVH1YDZtScOHn00faqlhfHdmJk9aa15MjuMhhX81CK5jONP9E_m6DC4Wo_dBk/s920/8d03e42a12f0a3fc573b2d83f6c9b869.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="920" data-original-width="736" height="530" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEDHsTNlpaPVm1dSCNtbrvrgKhw5PexCIZwQ0SbqEK-PBkXq_BsaXdXJt7UxZCgDUJXITcIEhRowXwgJTlpweUVwMF1PM4NOhlSOHxkpkMrfuN9C0oqinbzK1w10U1jMQsVH1YDZtScOHn00faqlhfHdmJk9aa15MjuMhhX81CK5jONP9E_m6DC4Wo_dBk/w543-h530/8d03e42a12f0a3fc573b2d83f6c9b869.jpg" width="543" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: courier; font-size: x-small;">Ilustração Haylee Morice.</span></div><br /> <p></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-73265784276187665112024-02-12T13:40:00.000-08:002024-03-03T16:29:18.337-08:00Testamento<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"> </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span><span style="font-family: courier;"> Edgar Allan Poe escreveu num de seus poemas que tudo que ele amou, amou sozinho. Eu aprendi muito isso, o quanto amar é solitário. E doloroso. Mas eu amei mesmo assim. Amei mesmo sabendo o quanto dói mas eu cansei de doer, cansei de andar sozinha enquanto olho todos felizes, brincando e sorrindo no parquinho longe de mim, sempre aqui do outro lado, escrevendo para salvar minha vida. Eu sempre fui uma espécie de receptáculo para as pessoas, elas vinham em busca de consolo, paciência, acolhimento da calma, bondade e amor, lealdade e companheirismo, eu não sei mas sempre tive mesmo sem receber de sobra. Eu criei essa fortaleza que todos procuravam de amor, mesmo eu parecendo tão solitária de vez em quando aparecia alguém assim. Eu protegi em minhas asas e senti medo por elas, eu recebi suas dores como minhas, eu sangrei, eu me importei. Está tão frio hoje aqui dentro de mim, nos meus ossos, na minha pele e dentro da minha cabeça, é difícil dizer o quão doloroso é acordar assim, com esse frio da solidão, do abandono, da rejeição, contraditoriamente a essas pessoas que iam e vinham, elas tinham outras pessoas e eu sempre ficava sozinha depois porque eu dizia a mim mesma, eu sei lidar com minha própria solidão, eu e ela somos companheiras a vida inteira, ela sabe meus segredos, meus desesperos, meus medos, minhas fraquezas sem me julgar, mas eu nunca deixei de receber um desses pássaros feridos que passam uma temporada em meu coração buscando cura antes de me deixar. Eu nunca prenderia um passarinho em uma gaiola. Até porque eu sei o que é estar em uma gaiola, eu sempre aceitava a partida até não aguentar mais esconder de mim mesma a triste verdade de só precisarem de mim por um tempo. Meu corpo, minha gaiola. Eu vi ele livre uma vez apenas. Fora de mim, em outro, no corpo de outro. Os pássaros feridos, sempre vão embora, e a minha dor quando um chega é pensar quanto tempo esse ficará, ele está aqui apenas para receber, eu sempre fui boa em cuidados, cuidar das pessoas, eu quase fui enfermeira, quase fui médica. Eu desisti. Mas você tinha tanto talento sempre dizem, pode ser, mas nem tudo que temos talento é o que é para nós, é o que conseguimos fazer, é o que queremos seguir. Eu usei todo meu talento nos meus avós, nos meus familiares, toda minha preocupação e cuidado. Eu fiz o meu melhor, e no processo, amadureci, tive experiencias com a vida e com a morte. Principalmente a morte, que antes eu temia tanto como uma sombra sobre mim desde a infância e pelo excesso de medo de que um deles morresse se eu não desse o meu melhor, se eu não fizesse tudo certinho, mas essas coisas nem sempre dependem de nós e eu me cobrei bastante mas não me arrependo do meu trabalho bem feito e das noites angustiadas e de dores no corpo e na alma, eles estavam vivos mais um dia e eu podia lhes mostrar o carinho e o amor mais um dia, ensinar algo que eu tinha em mim pra compartilhar com eles, a delicadeza, a doçura, a atenção, a sensibilidade e empatia, qualidades que acho que tenho e que sempre ousei usar em excesso. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span><span style="font-family: courier;"><span> </span>A morte me ensinou que ela vem para cada um de uma maneira, eu vi duas mortes completamente diferentes, eu interpretei como quando alguém está pronto para ela e já estava esperando e consegue ir em paz enquanto outro não estava pronto e lutava contra ela, não sei como ela é, mas é triste em ambas as visões, o silêncio cansado, o nada, o vazio. Dizem que quem decide morrer, porque a morte não está em nossas mãos, vai para algum lugar aí ruim, acho muito indelicado de se dizer tal coisa. Você só sabe que é comido pelos vermes e se junta a terra e ao ciclo da natureza, o que mais viu além disso. Dizem que é egoísmo decidir ir embora da terra, decidir a hora da partida, que não está em nossas mãos esse destino, bem eu não gosto de surpresas e mudanças repentinas ainda mais se forem muito ruins, morte planejada. Eu queria mesmo ir embora desse planeta talvez por isso penso que é melhor virar partícula do que ficar presa aqui nesse chão, me solte no espaço astronauta, deixe eu orbitar, até chegar ao espaço interestelar. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span><span style="font-family: courier;"><span> </span>Eu te digo, a morte é egoísta, ela não pensa em quem você é ou o que fez, em que ou quem ficar, ela só leva, as vezes nem dá a chance de se despedir, de ir em paz, de ser sem dor. Não temos poder sobre a vida e a morte de nenhum outro ser humano nem de nós mesmos, nos ensinaram, mas fazem filhos criam a vida sem planejar, tudo lições fracassadas e sem sentido, e tiram a vida uns dos outros pior do que animais selvagens, egoístas iguais. Eu sempre escolhi a vida. Mas a vida não sei se anda escolhendo a mim, me sinto cada vez mais distante dela, isolada, com muito frio por dentro, em meus ossos, uma melancolia e tristeza profunda que pouquíssimos poderiam entender, <b>é como se eu estivesse viva e esquecida em um necrotério, sentindo muito frio, muita solidão, muita consciência de tudo que sinto e de seus significados.</b> Está muito frio, eu repito, as vezes é difícil acordar com essa consciência de frio em plena luz do dia, então eu choro bastante porque o frio abre um buraco de doer e dentro desse buraco o frio puxa para dentro, range em meu peito violentamente, não há nenhum abraço ao redor, é triste como estar presa em um necrotério viva. </span></span><br /></p><p style="text-align: justify;"><span><span style="font-family: courier;"><span> Eu só estou escrevendo caso aconteça alguma coisa triste, eu que sempre fui medrosa começo a perder tudo até isso, eu pensava comigo mesma, o medo te salva de muitas coisas inclusive de ainda estar aqui nessa terra. Mas eu ainda estou esperando algum resquício de esperança que me prenda aqui, porque está cada dia mais difícil acreditar em mim e no amanhã, por mais que invente meu futuro não me parece real e palpável. Eu queria dizer que eu quis muito um abraço esses dias em que eu pudesse chorar sem parar, berrar de boca aberta todos esses ecos, é assim que eu choro de gritar mas ninguém ouve, acho que nunca tive isso, poder ser fraca e cair em um abraço sem hesitação, aceita. Esses dias tenho tomado banho frio mas era na água quentíssima que eu queria repousar meu corpo, queimar a tristeza da minha pele, sinto falta do seu abraço. Eu existo mais aqui escrevendo, eu sinceramente queria ficar no meu quarto para sempre assim como Emily Dickinson se isolou em si mesma e em seus poemas e vestia branco. Mas está tudo apertando. Eu não devo desculpas, eu passei a minha vida toda me desculpando, me culpando. Vai doer a minha falta? O meu potencial desperdiçado, a minha juventude perdida? É isso? Eu sempre me senti velha demais, cansada demais, sempre achando que ia morrer cedo e jovem. Você estava olhando direito? Eu andava murchando e me alto regando, sou uma jardineira da alma, por isso cuidei tanto desse jardim interior que poucos entraram ou realmente quiseram ver, eu ainda o protejo. Gosto do título O Jardim Secreto, eu sou ele. Mas agora eu estou me fechando cada vez mais, num ponto sem retorno, eu queria acreditar que esse jardim sobressaísse meu corpo porque está tão frio, eu queria ver a primavera do lado de fora uma vez. </span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span><span style="font-family: courier;"><span><span> </span>Eu perdoei meus pais por tudo, meu coração está puro apesar de que ando com raiva, me mostro irritada quase explodindo, como se ninguém pudesse me tocar, muda, ou exigente demais, é que estou tão machucada que estou erguendo as minhas defesas, está tudo muito doendo, então eu fecho a cara mas também choro sem pudor, me derramo, está tudo bagunçado, eu sou duas dentro de uma, as vezes é muito cansativo mudar, transitar, metamorfosear, estou cansada. Não sei mais o que quero ser. Realização, um amor pra vida toda, casa dos sonhos, acho que não consigo sozinha agora que você me deixou, já gritei demais, eu sonhei demais e eu quis tanto ser real, esses dias ouvi o comentário infeliz de que eu "deixei o tempo passar demais" mas tudo que sou é invisível, tudo que sinto é rejeição do mundo inteiro, erro de estar vivo, me sinto tão sozinha, eu não consigo mais, vocês não podem ver como está tudo dolorido aqui dentro, eu sofri demais aqui dentro de mim mas não sei porque, nasci com essa ferida na alma, essa doença rara, esse amor inconsolável. Faz tempo que eu não sei o que é sorrir de verdade, sorrir profundo, sinto como se meu rosto todo desmoronasse algumas vezes, tudo fora do lugar e minha boca tão pra baixo mesmo que eu me esforce para sorrir. Ando triste vendo as pessoas fazerem planos, eu sempre estive tão solitária nesses planos, doía tanto porque tudo sempre ficava pela metade e era muito esforço que eu fazia para encontrar soluções e começar tudo de novo, eu não conseguia me realizar, não sei o que é isso, vivo muito na minha imaginação e ninguém vai me aceitar no mundo assim. Outro amigo vai se casar, e me dói lembrar toda a minha rejeição profunda, não quero viver para ter que ver você de longe sendo feliz sem mim, já vivi demais assim, do outro lado, eu quero ir embora pra sempre, e independente disso todos seguirão e continuarão e serão felizes sem mim, eu sei disso, "a realidade não precisa de mim". Estou chorando tanto porque dói sentir todo esquecimento, você se tornar um nada, em vida é pior do que a morte muitas vezes, será que alguém entende essa dor, não é todo esquecimento que me dói, me dói é ninguém se lembrar todos os dias que quer me amar, me dói ver que ninguém faria isso por mim, de todas as escolhas, escolher a mim, me dói esse esquecimento, dói como a morte. Porque eu queria, mas só vi nos outros acontecer, mas eu nunca pude fazer nada, só chorar comigo mesma, a minha dor.</span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span><span style="font-family: courier;"><span><span> </span>Do outro lado desse mundo, como um planeta feito pra estar distante do Sol, do sistema solar exterior, eu gosto de Netuno e Uranus. Mesmo que eu estivesse do lado de dentro me sentiria errada, talvez já tentei muito estar mas nunca fiz parte desse sistema, eu vivi sobre a imaginação de não ser daqui, cresci com esse sentimento reforçado até por algumas palavras, mas não acredito em paraísos, acho que nunca acreditei. Há muitos lugares inefáveis aqui, Emily Dickinson diz sobre tudo o que é incógnito se valia a pena ir a sós, ver sozinho tantas maravilhas e não ter pra quem olhar pra o lado e dizer, está vendo isso também, era essa a vida que eu sonhava. É assim que me sinto toda vez que olho pro lado e você não está aqui, eu não te esqueci e faz tanta falta não poder compartilhar a vida que eu poderia ter tido, de ter algo lindo para cuidar e ver crescer, mas se não é com você não quero passar por isso de novo, você vai me esquecer como todos e eu vou estar aqui presa do outro lado sempre olhando, mas eu posso fechar meus olhos de uma vez por todas, descansar dessa dor, dessa solidão. Eu sei que você é uma boa pessoa, mas as palavras me machucam muito, eu sinto muito cada mudança ruim, eu não sirvo mais para esse mundo. </span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span><span style="font-family: courier;"><span><span> </span>Sinto falta da minha avó, e do elo de amor verdadeiro que vi dentro dos olhos dela. Também sentiria muita falta da minha mãe apesar de tudo e é melhor eu ir embora antes, eu continuo a criancinha preocupada na escada esperando a chave rodar ao escurecer e se aliviar que sua mãe chegou, eu queria poder te levado pra longe e ver você se sentir valorizada e amada, eu não consigo usar minhas palavras em voz alta as vezes e tão pouco minhas ações, eu faço muito pouco, eu não tenho nada e já não tenho tanta energia nem para as tarefas de casa e obrigada por suportar meus fracassos, minha falta ânimo e muitas vezes fazer por mim. Tem tanto sobre mim que talvez saibam tarde demais ou talvez seria melhor não saber. Eu sempre serei a irmã preocupada, eu nunca guardo ódio em meu coração, mesmo quando me ferem, então eu ainda desejo que meus irmãos de sangue cresçam melhor do que eu, sejam melhor do que eu, eu quero o melhor pra eles e fico orgulhosa por ver crescerem mais do que eu. Eu sinto que não cresci o bastante pra essa vida, nada parece precisar de mim, o que é uma distorção, mas meu coração está acabado, eu não consigo acreditar mais em mim, existe alguma mão que me levante desse chão, eu só vejo costas. O que vocês vão se lembrar de mim quando revirarem meu quarto, minhas palavras, minha alma, será que alguém vai procurar os meus pequenos tesouros escondidos. Eu só pude deixar poesia, eu só pude deixar amor embalado, eu só pude deixar um olhar gentil e cheio de perdão, eu só pude me deixar. </span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><span><span style="font-family: courier;"><span><span> </span><br /></span></span></span></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-17271168959023228582024-02-01T09:20:00.000-08:002024-02-14T18:04:02.181-08:00Pensar a Morte<p> </p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"> <span style="font-family: courier;"> </span><span style="font-family: courier;">E se dessa vez eu desistisse para sempre. Não mais amanhãs. Não mais me sentir perdida entre rostos e falas. Não mais me sentir de outro tempo, de outro mundo. Não mais acordar. Dormir para sempre. Eu sempre gostei de adormecer, talvez morrer dormindo seja o que todos sonham, da sensação entorpecente do quase, mas não, nunca gostei do súbito medo de desmaiar e perder a consciência. Contradições, eu sou medrosa e corajosa ao mesmo tempo. Não é desrespeito a mãe natureza desistir para sempre de ser carne, todos nós precisamos parar e pensar na morte por um instante e escrever como se estivesse perto do fim quem sabe para então valorizar o que tem. Eu penso que quero ser partícula outra vez, eu penso em voar esfarelada ao vento, me assoprar. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span> </span>Essa é uma carta para não temer a morte, pois sim, eu a temo, respeito, me escondo, tento me proteger e ser imortal. Emily Dickinson em sua ousadia escreveu, "<span style="text-align: left;">Porque não pude parar para a Morte – </span><span style="text-align: left;">Ele parou para mim por bondade – </span><span style="text-align: left;">Na carruagem só íamos Nós –</span><span style="text-align: left;">E a Imortalidade." De algum jeito ela saberia que viveria e perpetuaria por suas palavras, ela confiou ao futuro seus sentimentos profundos. Eu não sou tão grande, sou pequena minha amiga Emily, mas desde cedo aprendi gentilmente com a morte, com a nossa fraqueza humana, nosso pouco tempo. Eu me desespero, sempre achei que teria pouco tempo aqui nessa terra, eu exagero, eu deixo tudo sair para não me arrepender de nem uma palavra não dita, não que eu fale tanto e o tempo inteiro mas algumas vezes saem muitas palavras, eu quero parar o tempo, eu quero voltar no tempo, eu quero fazer futuros, tudo no poder das palavras, meus dedos a única ferramentas que tenho de fazer acontecer o impossível, de me fazer ser vista, de me fazer real. V</span></span><span style="font-family: courier; text-align: left;">ocê acredita em mim onde você estiver que eu estou tentando tanto me materializar além dessas letras desengonçadas e cheias de erros e excessos, você acredita no quanto elas são verdadeiras e gritam e querem nascer e não morrer</span><span style="background-color: white; font-family: courier; text-align: left;">?</span><span style="font-family: courier; text-align: left;"> </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;"><span> </span>Eu em minha teimosia não quero que meu tempo seja roubado de mim, que minha vida seja roubada de mim, tirada a força bruta, que tudo pare sem sentido e inesperado, controlar sua própria morte, seu ponto final, antes do medo de se ver deixando as coisas pela metade, um silêncio sem explicação, a vida é triste nesse sentido. E alguém me disse que eu tenho uma inata inclinação a explicar detalhadamente tudo, principalmente, as coisas que sinto, como se sentisse necessidade de apalpar o invisível, o silêncio, o abstrato, o subjetivo de mim.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span style="text-align: left;"><span> </span>E se eu pudesse ter tempo de deixar tudo anotado, tudo do jeito que quero, como um testamento. Sim, mas sem heranças (talvez pequenas lembrancinhas inúteis) mas os últimos desejos de alguém que decidiu ir embora desse mundo e o mais importante que partiu em paz e de forma indolor do jeito que esperava. Não sei como, talvez esse dia chegue, eu estou deixando por escrito que amo margaridas e odeio aquelas guirlandas feias de flores mas uma coroa de flores na minha cabeça e um vestido branco como uma noiva meio bailarina que eu nunca imaginei que fosse mesmo acontecer, sapatinhos delicados de boneca, espero que eu deixe meu cabelo colorido, porque o arco-íris é a minha essência do outro meu lado do preto. Eu sempre deixei claro que não quero ficar embaixo apodrecendo na terra, eu não quero ir embora desse jeito, eu quero ser cremada, doar meus órgãos que sirvam, e virar pó de fada se sua imaginação puder sonhar comigo brilhando ao soprar ao vento um dia. Eu não quero ninguém olhando para mim em um caixão pois sou tímida até a morte, então por favor, não faça esse desrespeito a mim, vou deixar uma foto especial para olharem e me verem com meus olhos que apesar da escuridão que os tomava de repente sempre foram sonhadores, inocentes, puros em algum lugar. Eu queria tanto ter vivido uns cem anos ao seu lado. Eu queria tanto ver para que o amor serve. Eu queria tanto saber o que o amor poderia ser. Por enquanto eu não quero morrer, é só uma carta, eu sou o tipo de suicida que desisti de si mesmo em vida, que desiste dos sonhos, e eu também vou desistir do amor se você me deixar, desistir de acreditar sozinha. Eu já deixei de acreditar em tantas coisas, mas a morte continua soberana e o que há depois de lá também. Eu não sei pra onde vou, na morte só há o silêncio, vamos ouvir um pouco mais de música</span><span style="background-color: white; text-align: left;"> então</span><span style="background-color: white; text-align: left;">? </span> Eu penso nos meus gatinhos sem mim, no meu quarto cheio de tesouros pequenos da natureza que vão pro lixo talvez, nos livros que são tantos para se ler ainda, na natureza que poderia ser desbravada ainda. Queria que fosse meu companheiro de vida, não queria mais outras pessoas entrando e saindo do meu mundo particular, é tão doloroso que eu só quero desaparecer, pra algum lugar onde ninguém me conheça, eu poderia ir embora agora mesmo do mundo, mas ainda penso nesse lugar, ele não está longe, vou continuar solitária lá<span style="background-color: white; text-align: left;">? Essa tristeza e vazio de um mundo que te exige esforço e trabalho constante vai me fazer infeliz lá</span><span style="background-color: white; text-align: left;">? Não é esse tipo de vida que quero, eu quero um milagre, eu quero um sim. Vida me dá um sim! Antes que eu morra por mim mesma, é tão fácil morrer. Eu só quero um sim. Eu quero uma continuação constante até eu poder embora por conta própria.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span style="background-color: white; text-align: left;"><span> Então eu olho para as plantas e todas as coisas fofas que decoro ao meu redor pra fazer dessa tristeza um chão macio de cair. Essa ainda não é minha carta final, mas quem sabe, ter um lugar lindo pra morrer, é tudo que eu planejo e desejo no meu fim. Enfim, morrer como uma princesa, a bela adormecida. </span><br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span style="background-color: white; text-align: left;"><span><br /></span></span></span></p><p style="text-align: justify;"> <br /></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-40757652874454289012024-01-05T09:03:00.000-08:002024-01-05T14:18:40.798-08:00Bluebird<div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><!--StartFragment-->
<p class="MsoNormal"></p><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Há um pássaro azul em meu peito que</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">quer sair</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">mas sou duro demais com ele,</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">eu digo, fique aí, não deixarei</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">que ninguém o veja.</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Há um pássaro azul em meu peito que</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">quer sair</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">mas eu despejo uísque sobre ele e inalo</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">fumaça de cigarro</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">e as putas e os atendentes dos bares</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">e das mercearias</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">nunca saberão que</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">ele está</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">lá dentro.</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Há um pássaro azul em meu peito que</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">quer sair</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">mas sou duro demais com ele,</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">eu digo,</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">fique aí, quer acabar</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">comigo?</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">quer foder com minha</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">escrita?</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">quer arruinar a venda dos meus livros na</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Europa?</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Há um pássaro azul em meu peito que</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">quer sair</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">mas sou bastante esperto, deixo que ele saia</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">somente em algumas noites</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">quando todos estão dormindo.</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">eu digo, sei que você está aí,</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">então não fique</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">triste.</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Depois o coloco de volta em seu lugar,</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">mas ele ainda canta um pouquinho</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">lá dentro, não deixo que morra</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">completamente</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">e nós dormimos juntos</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">assim</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">com nosso pacto secreto</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">e isto é bom o suficiente para</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">fazer um homem</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">chorar, mas eu não</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">choro, e</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">você?</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><p></p><p class="MsoNormal"></p><div style="text-align: center;"><b style="font-family: courier;">Charles Bukowski</b></div><span style="font-family: courier;"><div style="text-align: center;"><b>(Tradução de Pedro Gonzaga)</b></div></span><o:p></o:p><p></p><p class="MsoNormal"></p><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><span style="font-family: courier;"><o:p></o:p></span><p></p><div style="text-align: center;"><!--StartFragment-->
<!--EndFragment--></div>
<!--EndFragment--><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">(Eu choro, amor, na verdade eu grito. Eu quero que todos saibam que eu voo em seu peito, quero sair e voar sobre você, voar com você, lembra do nosso céu azul. Eu quero cantar mais alto em seu peito sem restrições e limites, eu quero o infinito sentir. Eu não quero ser um pássaro escondido).</span></div></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-90584748428374623122023-12-13T08:42:00.000-08:002023-12-20T07:52:22.879-08:00Infinito em minhas mãos <p> </p><p><br /></p><p><span style="font-family: courier;">Eu não sei escrever sobre você,</span></p><p><span style="font-family: courier;">Tudo se converte internamente </span></p><p><span style="font-family: courier;">Como uma súplica, </span></p><p><span style="font-family: courier;">um pedido que não é muito silencioso</span></p><p><span style="font-family: courier;">Meus sentimentos são altos, </span></p><p><span style="font-family: courier;">isso eu sempre soube</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu assusto mas eu grito </span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu grito porque pra você eu não queria estar invisível </span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu quero que me veja</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu quero que me sinta</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu quero que me deixe entrar e ficar</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu quero parar o tempo com você </span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu não tenho vergonha de pedir</span></p><p><span style="font-family: courier;">Pedir o amor que tanto espero</span></p><p><span style="font-family: courier;">Como quem pede em uma oração por um milagre</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu não sei escrever sobre você</span></p><p><span style="font-family: courier;">Porque você foi feito pra existir além das minhas palavras </span></p><p><span style="font-family: courier;">Você foi real, palpável, tátil </span></p><p><span style="font-family: courier;">É onde eu quero escrever</span></p><p><span style="font-family: courier;">Nessa realidade que me é negada</span></p><p><span style="font-family: courier;">Clarice Lispector também gritava</span></p><p><span style="font-family: courier;">Intensamente selvagem:</span></p><p><span style="font-family: courier;">"Eu te invento, realidade".</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu invento, </span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu fantasio, </span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu imagino, </span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu romantizo, </span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu poetizo, </span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu escrevo, </span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu pinto e bordo, </span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu crio e recrio,</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu vagueio</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu eternizo.</span></p><p><span style="font-family: courier;">E assim eu não sei escrever sobre você </span></p><p><span style="font-family: courier;">sem te dar todo infinito de minhas mãos </span></p><p><span style="font-family: courier;">que tanto acariciaram suas costas cansadas.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu não sei escrever sobre você, </span></p><p><span style="font-family: courier;">eu quero me escrever em você, </span></p><p><span style="font-family: courier;">viver em você escrevendo, </span></p><p><span style="font-family: courier;">eu não desisti da palavra: </span></p><p><span style="font-family: courier;">você. </span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><br /></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-2047637870625311992023-11-21T20:29:00.000-08:002023-11-21T20:32:10.552-08:00Retrato Poema<p><br /></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAEzgPI1QRdpSfTJUcxp8fRAqQu_I_1IOagieZm9ZbAHTR1iIuoM1C4ceGKFxvmAgy97D64lhCR90w99kWCa2iLxutgybIiWfcE36XJpdrrC3wU4QAZULnQA_BPTeJwNmQ6WLo4Si2kU9cJUOBB8g42alDPi-A3yTg7eal97DcsbjiLB7JglVSk-6dQKXM/s862/Heo%20Ji-seon.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="862" data-original-width="735" height="396" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAEzgPI1QRdpSfTJUcxp8fRAqQu_I_1IOagieZm9ZbAHTR1iIuoM1C4ceGKFxvmAgy97D64lhCR90w99kWCa2iLxutgybIiWfcE36XJpdrrC3wU4QAZULnQA_BPTeJwNmQ6WLo4Si2kU9cJUOBB8g42alDPi-A3yTg7eal97DcsbjiLB7JglVSk-6dQKXM/w360-h396/Heo%20Ji-seon.jpeg" width="360" /></a></div><div style="text-align: center;"> <span style="font-size: x-small;">Ilustração by <span color="var(--color-text-default)" face="var(--font-family-default-latin)" style="background-color: #fce5cd; font-weight: var(--font-weight-semibold); text-align: center;">Heo Ji-seon.</span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><span color="var(--color-text-default)" face="var(--font-family-default-latin)" style="background-color: white; font-weight: var(--font-weight-semibold); text-align: center;"><br /></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><span color="var(--color-text-default)" face="var(--font-family-default-latin)" style="background-color: white; font-weight: var(--font-weight-semibold); text-align: center;"><br /></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><span color="var(--color-text-default)" face="var(--font-family-default-latin)" style="background-color: white; font-weight: var(--font-weight-semibold); text-align: center;"><br /></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><span color="var(--color-text-default)" face="var(--font-family-default-latin)" style="background-color: white; font-weight: var(--font-weight-semibold); text-align: center;"><br /></span></span></div><p></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-90620295049777430812023-10-27T18:20:00.002-07:002023-10-28T03:46:23.676-07:00Praga Sentimental <div><br /></div><div><br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Me deram um coração </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">plantinha silvestre</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Rasteira</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Quase invisível </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Alguns olhares </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">despreparados olham </span><span style="font-family: courier;">e dizem: </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">"isso aqui é só mato".</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Olham e veem só mato?</span></div><div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Me deram um coração </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">plantinha silvestre</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">porque sabiam </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><span>que eu </span>ia precisar dele </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">mesmo não gostando </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">de ter que sempre aparar tudo</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Para não verem tudo que posso ser</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Eu aprendi a me podar</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Cortar e encolher</span></div><div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Um coração de erva danosa acham</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Quem dera mesmo uma hera venenosa </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Uma planta praga dizem </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><span>q</span>uanto mais se arranca </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">mais impregna e se espalha por tudo</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Uma plantinha teimosa </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">que continua a crescer </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Tenho que fazer a limpeza mas tudo cresce muito e rápido</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><span>Quantas vezes me vi </span>arrancada </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">e do mesmo lugar renasci</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">A mesma florzinha </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">minúscula</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Mas em sua pequenez</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Uma cor rasteira </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Em meio ao verde vasto </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">É tão fácil me pisar</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">A parte gostosa e macabra</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">é sentir a mão se afundar lá no fundo </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">caçando minhas raízes pra arrancar </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">É uma dor deliciosa sentir os beliscões de filamentos de raízes grudadas sendo exposto do lado de fora</span></div></div></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Veja </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Eu sou </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Maior do que você pensava</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Aqui dentro dessa terra</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Minhas raízes em suas mãos </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Meus cabelos cacheados </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Abaixo de tudo </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Meu segredo</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Minhas sementes dormentes </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Infinitas elas ainda se revelam </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Me chamam de praga </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Mato selvagem </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Eu atrapalho</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Eu sou essa praga sentimental</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Eu renasço</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Não sou erva daninha</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Eu sou resistência.</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">Eu sou o amor renascendo </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">em suas mãos duvidosas </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">de que eu ainda existo.</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">De sua bruxa verde,</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;">seja minha abelha.</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-78218226377036482352023-10-26T14:27:00.003-07:002023-10-27T13:37:01.509-07:00Não aceite ser invisível no afeto!<p> </p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOeX_w-YrfqwLRIDp99vDss2rSFHBTj72O39UXbgRcjnO8WB_XscpB1jwPGx6V_zJ5FiWoUkH1Fphh-siEWQkEtLk_4zC526kqw_wbllEQDtEXfc44twQvN0np1GtR-uMkPuixhj1DyUg8U9uO3bFtCjk1gicG3_egokfCbfWtTn5gLWX1swIUyyUkX4Mc/s1296/394561859_637207151944325_3212752793235199648_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1296" data-original-width="1080" height="439" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOeX_w-YrfqwLRIDp99vDss2rSFHBTj72O39UXbgRcjnO8WB_XscpB1jwPGx6V_zJ5FiWoUkH1Fphh-siEWQkEtLk_4zC526kqw_wbllEQDtEXfc44twQvN0np1GtR-uMkPuixhj1DyUg8U9uO3bFtCjk1gicG3_egokfCbfWtTn5gLWX1swIUyyUkX4Mc/w440-h439/394561859_637207151944325_3212752793235199648_n.jpg" width="440" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Ilustração-poema de @pseudoplutao.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-58150892498485881702023-10-05T06:20:00.027-07:002023-10-05T06:36:41.298-07:00Brilho Vítreo <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">os olhos dela são de vidro</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">e eu posso sentir</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">a leve melodia de águas tranquilas</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">quando por um instante</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">meus olhos encontram os dela</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">os olhos dela são de vidro</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">e eu posso ver</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">a delicadeza das águas límpidas</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">escondidas com silêncio</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">os olhos dela são de vidro</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">e eu posso entrar</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">para beber doçura sempre que olhar</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">os meus olhos são trovejantes</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">preciso entrar de mansinho</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">sem mostrar a tempestade</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">para que nos olhos dela</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">o encanto das águas bondosas</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">cantem para as pedras de gelo nos meus olhos</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">e me derretam lentamente</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">como as fontes aquáticas dela</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">os olhos dela</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">são aquários infinitos</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">que guardam o oceano pacífico.</span><div><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="text-align: justify;"><br /></span></span></div><div><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="text-align: justify;"><br /></span></span></div><div><span style="font-family: "courier new", courier, monospace; font-size: small; text-align: justify;"><b>Para minha vovó dos olhos de encanto.</b></span></div><div><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace; text-align: right;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><b><br /></b></span></span></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace; text-align: right;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><b>(Poema arquivado em 2017, sinto muita falta de como os meus olhos encontravam os seus já me esperando subir as escadas correndo, a sua risada solta que balançava a barriguinha e me fazia sorrir, eu amava fazer você sorrir com minhas bobagens pois sabia tanto o fardo que você carregava tão silenciosa e humildemente da não autonomia do corpo, da perda da fala, da visão baixa, mas ainda assim seu rosto era tão comunicativo de doçura, meiguice, amor de vó. Eu que tenho dificuldade de me comunicar muito por olhares, entendia tanto os silêncios dos seus, me sentia tão confortável com essa comunicação silenciosa de estar ao seu lado e conversar com seus olhos. </b></span></span></span></span></span></div><div><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace; text-align: right;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><b>Seus olhos foram um dos poucos que eu soube ler, que eu soube mergulhar e entender o que ele me pediam, eu sei que te amei profundamente e quando você se foi eu me deitei na cama abraçando todas as memórias doces que pude construir junto com você e eu agradeci tanto por eu ter tido tempo de fazê-las com você de viver com você, de segurar sua mão até o fim. Memórias que nasceram entre silêncios e artes e todas as minha esquisitices tentando te levantar quando a alma estava caída, eu chorava, vó, você sentiu o quanto eu te amava, não sentiu? E abracei o respeito de você descansar desse planeta, você era a minha primavera, meu cheiro de docinho, meu maior amor pra sempre, minha Zildinha, minha vovó de coração mole assim como o meu, você que era comilona como eu, nosso coração é aqueles docinhos da inocência sabe, suspiros e marias moles, nós derretemos doçura, e eu amo o cheirinho desses doces que hoje raras vezes se encontra na padaria. Eu pude entender a palavra anjo através de você, do que você era, tantas coisas aqui no meu coração que pretendo honrar como coração de vó, ainda que eu não quero ser mãe tradicional e convencional como os outros. Mas, eu quero ser esse sentimento tão gostoso, chamado casa de vó ♡).</b></span></span></span></span></span></div><div><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace; text-align: right;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"> </span></span></span><span> </span><br /></span></span>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"> </span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"> </span></span></span><span style="font-family: "courier new", courier, monospace; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "courier new", courier, monospace; font-size: x-small; text-align: justify;"> </span></div>
</div>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-8082985656877444822023-10-01T18:07:00.002-07:002023-10-01T18:09:46.336-07:00Todas as cartas de amor são <p> </p><p><!--StartFragment-->
</p><p class="MsoNormal"><!--StartFragment-->
</p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Todas as cartas de amor são<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Ridículas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Não seriam cartas de amor se não fossem<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Ridículas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Também escrevi em meu tempo cartas de amor,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Como as outras,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Ridículas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">As cartas de amor, se há amor,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Têm de ser<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Ridículas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Mas, afinal,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Só as criaturas que nunca escreveram<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Cartas de amor<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">É que são<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Ridículas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Quem me dera no tempo em que escrevia<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Sem dar por isso<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Cartas de amor<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Ridículas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">A verdade é que hoje<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">As minhas memórias<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Dessas cartas de amor<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">É que são<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Ridículas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">(Todas as palavras esdrúxulas,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Como os sentimentos esdrúxulos,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">São naturalmente<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Ridículas).<o:p></o:p></span></p>
<!--EndFragment--><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b>Fernando Pessoa </b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b>(Álvaro de Campos).</b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><b>Me abraça Fernando Pessoa, eu nasci pra ser tão ridícula, Drummond me abraça eu sou muito gauche na vida, Lispector não tem jeito eu vou ser sempre a boba, você mesma disse que é preciso também não ter medo do ridículo, e então minha amiga de alma, está aqui todo meu coração, um palhaço triste.</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p><p></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-49879442334480589422023-09-20T22:39:00.000-07:002023-09-20T22:39:24.684-07:00Das vantagens de ser bobo<p> </p><p><!--StartFragment-->
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- O
bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no
mundo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- O
bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado
por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou
pensando." <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">-
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de
sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem
a ideia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- O
bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- Os
espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem
diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- O
bobo ganha liberdade e sabedoria para viver. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- O
bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um
Dostoiévski. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- Há
desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um
desconhecido para a compra de um ar-refrigerado de segunda mão: ele disse que o
aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é
fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não
funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era a de que o aparelho estava
tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">-
Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e
portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser
ludibriado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- O
esperto vence com úlcera no estômago. <b>O bobo nem nota que venceu.</b> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">-
Aviso: não confundir bobos com burros. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">-
Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das
tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a frase célebre:
"Até tu, Brutus?" <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">-
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- Os
bobos, com suas palhaçadas, devem estar todos no céu. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- Se
Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- O
bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">-
Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os
espertos não conseguem passar por bobos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- Os
espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">-
Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se
importam que saibam que eles sabem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">- Há
lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com
burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita o ser bobo.
Ah, quantos perdem por não nascer em Minas! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">-
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;"><b>- É
quase impossível evitar excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é
capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><o:p><span style="font-family: courier;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;"><b>Clarice
Lispector, </b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">♡. </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><o:p> </o:p></p>
<!--EndFragment--><br /><p></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-19802375674820795922023-08-25T15:59:00.000-07:002023-08-25T15:59:01.784-07:00Alone <p> </p><p><!--StartFragment-->
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">From
childhood’s hour I have not been<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">As
others were—I have not seen<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">As
others saw—I could not bring<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">My
passions from a common spring —<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">From
the same source I have not taken<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">My
sorrow—I could not awaken<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">My
heart to joy at the same tone —<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">And
all I lov’d—I lov’d alone —<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">Then—in
my childhood—in the dawn<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">Of a
most stormy life—was drawn<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">From
ev’ry depth of good and ill<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">The
mystery which binds me still —<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">From
the torrent, or the fountain —<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">From
the red cliff of the mountain —<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">From
the sun that ’round me roll’d<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">In
its autumn tint of gold —<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">From
the lightning in the sky<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">As
it pass’d me flying by —<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">From
the thunder, and the storm —<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">And
the cloud that took the form<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">(When
the rest of Heaven was blue)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">Of a
demon in my view —</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><o:p><span style="font-family: courier;"><b>Edgar Allan Poe.</b> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><o:p><br /></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: courier;">Tradução:</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><!--StartFragment-->
<!--EndFragment--></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b>(Leonardo de Magalhaens)</b></span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal"><!--StartFragment-->
<!--EndFragment--></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Desde a infância eu tenho sido</span></div><span style="font-family: courier;"><div style="text-align: justify;">Diferente d'outros – tenho visto</div><div style="text-align: justify;">D'outro modo – minhas paixões</div><div style="text-align: justify;">Tinham uma outra fonte e</div><div style="text-align: justify;">Minhas mágoas outra origem -</div><div style="text-align: justify;">No mesmo tom não despertava</div><div style="text-align: justify;">O meu coração para a alegria -</div><div style="text-align: justify;">O que amei – eu amei só.</div><div style="text-align: justify;">Então – na infância – a aurora</div><div style="text-align: justify;">Da vida atormentada – estava</div><div style="text-align: justify;">Em cada nicho de bem e mal</div><div style="text-align: justify;">O mistério que me prendia -</div><div style="text-align: justify;">Da correnteza, da fonte -</div><div style="text-align: justify;">Da escarpas rubras do monte -</div><div style="text-align: justify;">Do sol que me rodeava</div><div style="text-align: justify;">Em pleno outono dourado -</div><div style="text-align: justify;">Do relâmpago nos céus</div><div style="text-align: justify;">Quando sobre mim passava -</div><div style="text-align: justify;">Do trovão, da tormenta -</div><div style="text-align: justify;">E a nuvem tem a forma</div><div style="text-align: justify;">(Quando o resto do céu é azul)</div><div style="text-align: justify;">D'um demônio aos meus olhos.</div><o:p></o:p></span><p></p><p class="MsoNormal"><!--StartFragment-->
<!--EndFragment--></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: courier;"> </span></o:p></p><p></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-29989057934233686202023-08-21T08:12:00.000-07:002023-08-21T08:12:23.946-07:00Viver por ti...<p> </p><p><br /></p><p><span style="font-family: courier;">Morrer por ti era pouco</span></p><p><span style="font-family: courier;">Qualquer grego o fizera. </span></p><p><span style="font-family: courier;">Viver é mais difícil -</span></p><p><span style="font-family: courier;">É esta a minha oferta -</span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><span style="font-family: courier;">Morrer é nada, nem</span></p><p><span style="font-family: courier;">Mais. Porém viver importa</span></p><p><span style="font-family: courier;">Morte múltipla - sem</span></p><p><span style="font-family: courier;">O alívio de estar morta. </span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Emily Dickinson.</b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>(Tradução de Augusto de Campos). </b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-87839194457301635942023-08-21T08:08:00.004-07:002023-08-21T08:11:10.056-07:00Caged Bird<p> </p><p>
</p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">A free bird leaps<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">on the back of the wind<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">and floats downstream<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">till the current ends<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">and dips his wing<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">in the orange sun rays<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">and dares to claim the sky.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">But a bird that stalks<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">down his narrow cage<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">can seldom see through<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">his bars of rage<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">his wings are clipped and<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">his feet are tied<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">so he opens his throat to sing.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">The caged bird sings<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">with a fearful trill<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">of things unknown<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">but longed for still<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">and his tune is heard<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">on the distant hill<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">for the caged bird<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">sings of freedom.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">The free bird thinks of another breeze<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">and the trade winds soft through the sighing trees<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">and the fat worms waiting on a dawn bright lawn<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">and he names the sky his own<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">But a caged bird stands on the grave of dreams<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">his shadow shouts on a nightmare scream<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">his wings are clipped and his feet are tied<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">so he opens his throat to sing.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">The caged bird sings<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">with a fearful trill<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">of things unknown<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">but longed for still<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">and his tune is heard<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">on the distant hill<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">for the caged bird<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">sings of freedom.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b>Tradução: </b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">O pássaro livre se lança<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">nas costas do vento<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">e flutua rio abaixo<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">até onde a corrente termina<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">e banha as suas asas<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">nos raios alaranjados do sol<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">e ousa revindicar o céu.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"> <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Mas um pássaro que desce<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">a sua gaiola apertada<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">raramente pode ver atráves<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">das suas barras de raiva<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">suas asas estão cortadas e<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">seus pés amarrados<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">então ele abre o seu gargalo para cantar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"> <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">O pássaro engaiolado canta<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">com trinado amedrontado<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">sobre as coisas desconhecidas<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">mas ansiava pela calma<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">e a sua cantiga é ouvida<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">no morro distante<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">pois o pássaro engaiolado<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">canta de liberdade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"> <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">O pássaro livre pensa sobre outra brisa<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">e os ventos alísios suave através das árvores suspirantes<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">e as minhocas rechonchudas aguardando num gramado clareado
pelo o amanhecer<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">e ele nomeia o céu de seu próprio</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">(ele nomeia o céu como seu)</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"> <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Mas o pássaro engaiolado está em cima do túmulo dos sonhos<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">a sua sombra exclama num grito de pesadelo<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">suas asas estão cortadas e seus pés amarrados<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">então ele abre o seu gargalo para cantar<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"> <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">O pássaro engaiolado canta<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">com trinado amedrontado<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">sobre as coisas desconhecidas<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">mas ansiava pela calma<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">e a sua cantiga é ouvida<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">no morro distante<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">pois o pássaro engaiolado<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">canta de liberdade.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b>I Know why the caged bird sings,</b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b>Maya Angelou.</b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span><b>(Estou editando aos poucos a carta do Van Gogh sobre o pássaro na gaiola pra trazer pra cá enquanto isso conheci esse poema ontem e me tocou profundamente e preciso dizer que quero muito conhecer os livros dessa mulher guerreira, forte, negra e que cantava pelo seu povo e pela liberdade, obrigada Maya por ter cantado nesse mundo o que os passarinhos feridos sabem ouvir nas colinas mais distantes</b></span><b>). </b></span></p>
<!--EndFragment--><br /><p></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-3974873544566840512023-07-23T15:58:00.000-07:002023-07-23T15:58:01.075-07:00<p> </p><p><br /></p><p><!--StartFragment-->
<!--EndFragment--></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">If I can stop one heart from breaking,<br />
I shall not live in vain;<br />
If I can ease one life the aching,<br />
Or cool one pain,<br />
Or help one fainting robin<br />
Unto his nest again,<br />
I shall not live in vain.</span><o:p></o:p></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Emily Dickinson.</b></span></p><p><br /></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Se eu puder evitar que um Coração padeça<br />
Não viverei em vão.<br />
Se eu fizer que na Vida alguém esqueça<br />
A Dor ou a Aflição<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Ou se ajudar um Pássaro caído<br />
A retornar ao Ninho<br />
Não viverei em vão.<o:p></o:p></span></p><p><!--StartFragment-->
<!--EndFragment--></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Emily Dickinson</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><br /><b>
Tradução: José Lira.<o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Não viverei em vão, se puder<br />
Salvar de partir-se um coração,<br />
Se eu puder aliviar uma vida<br />
Sofrida, ou abrandar uma dor,<br />
Ou ajudar exangue passarinho<br />
A subir de novo ao ninho —<br />
Não viverei em vão.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Emily Dickinson</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><!--StartFragment-->
<!--EndFragment--></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><b>Tradução: Aíla de Oliveira Gomes.</b></span><o:p></o:p></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><br /></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-18317264320398741822023-07-20T18:57:00.077-07:002023-08-28T08:11:15.983-07:00Querida Margot,<p> </p><p><!--StartFragment-->
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Estou embrulhando um solstício para ti, sim, solstício
polpudo, plangente, vibrante e todo enfeitado em papel de sonho. Amarrei até um
laço, pendurei crucifixos, borrifei essência e na concha de meu seio vívido há uma
turma de passarinhos serelepes que vão junto na caixa; se és presente que
queres, então abra este pedaço de carne e veja o que achas. Ouvi dizer que tens
andado com um tédio buliçoso, que a preguiça de se reinventar pousou primeiro
no teu rosto e depois na tua horta de cebolinhas. Tem certeza que este vazio
não serve de linha para costura? Sei que sofre de lonjuras, que tudo arranha e
nada elucida, mas não se afobe… sabes que vai chegar lá, não é? A propósito,
mandei uma muda de amplidão, tecido de vida e iluminura, talvez lhe sirvam.
Neste inverno é bom agasalhar solidão.</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><b>Bru,</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><b>De brumas 🍃</b>☁️.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">(Lindo poema-carta escrito pela minha amiga Bruna, que me compartilhou em um momento de angústia e solidão, me trazendo ternura e lembranças das coisas doces, como a magia de um cobertor macio e quentinho que nos aquece e por um tempo nos esconde dos perigos lá fora e da dura realidade. M</span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">uitas vezes a vontade de viver falha, e admiro tanto mulheres como você que ainda </span></span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">se permitem ser sonhadoras e sensíveis num mundo e tempos tão difíceis como Amélie sabia. Esses dias minha psicóloga disse que sou subjetiva e que ela entende como algumas coisas desse mundo são difíceis para eu por em palavras normais e que alguns possam acompanhar, e disse que almas como a nossa são raras nesse mundo que além de sentir muito transformam os sentimentos em poesia, traduzem a alma, o secreto, o oculto, o invisível, que muitos </span></span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">escondem por não querer sentir. O</span></span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">brigada amiga por tentar entender meus silêncios e meu tempo com esse meu jeito de me calar muitas vezes. Com certeza todas pessoas que me dedicam um poema, um livro, uma carta, uma imagem, um filme ou desenho, uma música ou um disco inteiro, uma playlist ou que me escreve </span></span><span style="font-family: courier; text-align: left;">a mão nem que seja um bilhetinho simples, tem um lugar especial no meu coração e para mim um significado como o mais delicado presente pra alma, palavras também importam, e pra mim como uma pessoa que existo através delas, que vivêncio elas, tudo é relevante</span><span style="font-family: courier; text-align: left;">). </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><!--StartFragment-->
<!--EndFragment--></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">"Isso se chama encarar a realidade, mas é isso que
Amélie não quer..."</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal">♡</p><p></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-10586133678427113812023-07-16T19:14:00.003-07:002023-07-16T20:35:32.765-07:00Bernardo é quase uma árvore <p> </p><p><!--StartFragment-->
</p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Bernardo é quase uma árvore<br />
Silêncio dele é tão alto que os passarinhos ouvem<br />
de longe<br />
E vêm pousar em seu ombro.<br />
Seu olho renova as tardes.<br />
Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho;<br />
1 abridor de amanhecer<br />
1 prego que farfalha<br />
1 encolhedor de rios - e<br />
1 esticador de horizontes.<br />
(Bernardo consegue esticar o horizonte usando três<br />
Fios de teias de aranha. A coisa fica bem esticada.)<br />
Bernardo desregula a natureza:<br />
Seu olho aumenta o poente.<br />
(<b>Pode um homem enriquecer a natureza com a sua<br />
Incompletude?</b>)<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><b><span style="font-family: courier;">Manoel de Barros.</span></b></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><b>(Ser o Bernardo, se sentir tão íntimo em seu silêncio, que as coisas chegam até ele em seu estado de simplicidade com que ele corresponde aos seres e a vida, o respeito ao todo em que se faz parte. Um dia um professor de filosofia perguntou na sala de aula, se você pudesse escolher ter nascido outro ser vivo, o que você gostaria de ser? Houveram diversas repostas dentro do reino animal mas somente eu habitei o reino das plantas, eu disse então, "eu queria ser uma árvore", o professor ficou surpreso, talvez porque geralmente as pessoas usam as plantas de forma pejorativa nos últimos tempos pra identificar alguém que não faz nada ou é quieto demais em seu canto, de certo são tolos, não menos que um olhar despreparado como aqueles que olham um lugar verde e coberto pelo selvagem e só conseguem chamar de mato, ver só mato, daí a palavra triste, desmatamento. E eu escrevi o porque de eu querer ser árvore, tão somente pelo fato de me identificar com elas, onde o falar e fazer assume outras formas ocultas mas não menos expressivas. Ser árvore pode parecer solitário, já que meu espírito é desse tom arbóreo, mas árvores são sinônimos de abrigo, são receptoras das criaturas, servem aos seres que muitas vezes estão de passagem cansados e famintos, pertence às esperas sazonais, são sombras, tornam o ar mais fresco e puro, ensinam sobre o silêncio de continuar crescendo a partir de um mesmo lugar, sobre acima de tudo a resistência. Tenho maior respeito por esses seres tão ancestrais e sábios da terra, queria um dia abraçar um pinheiro, ou quem sabe estar perto de uma sequoia gigante, das árvores mais antigas do planeta, para me sentir pequena e insignificante da forma mais poética e humilde possível através de seres que paradas em seus lugares onde fincaram suas raízes suportaram as tempestades, as ventanias, o fogo, as mudanças climáticas e aprenderam renascer de si mesmas e a se defender de onde estão, entre inverno e primavera. Deve ser bom se saber enraizada em seu lugar de ser o que você nasceu pra ser, ou mesmo se enraizar em outro ser que lhe permita crescer como árvore inteira). </b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-13337697088928700452023-07-16T13:22:00.004-07:002023-07-16T15:56:29.268-07:00A Árvore Generosa<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /><div style="text-align: justify;">Era uma vez uma árvore... que amava um menino. </div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">E todos os dias o menino vinha, juntava as suas folhas e com elas fazia coroas,</span></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><div style="text-align: justify;">imaginando ser o rei da floresta.</div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Subia o seu tronco, balançava-se nos seus ramos, comia as suas maçãs,</span></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><div style="text-align: justify;">brincavam às escondidas e quando ficava cansado, dormia à sua sombra.</div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">O menino amava aquela árvore... como ninguém. </span></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">E </span><i style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">a árvore era feliz.</i></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-style: italic;"><br /></span></div></span><div style="text-align: justify;"><i style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Mas o tempo passou</i></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><div style="text-align: justify;"><i>o menino cresceu. </i></div></span><div style="text-align: justify;"><i style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">E a árvore ficava muitas vezes sozinha.</i></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><div style="text-align: justify;"><i>Um dia o menino veio e a árvore disse-lhe:</i></div></span><div style="text-align: justify;"><i style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">- Anda, menino. Anda subir o meu tronco, balançar-te nos meus ramos, comer maçãs, brincar à minha sombra e ser feliz. </i></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><div style="text-align: justify;"><i>- Já sou muito crescido para brincar - disse o menino. - Quero comprar coisas e divertir-me. Quero dinheiro. Podes dar-me algum dinheiro? </i></div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace; font-style: italic;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><div style="text-align: justify;"><i>- Desculpa - disse a árvore. - Eu não tenho dinheiro. Só tenho folhas e maçãs, menino. Vende-as na cidade.Então terás dinheiro e serás feliz. </i></div></span><div style="text-align: justify;"><i style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">E assim o menino subiu o tronco, colheu as maçãs e levou-as. </i></div>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-style: italic;"><br /></span></div></span><div style="text-align: justify;"><i style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">E a árvore ficou feliz. </i></div>
<div><!--StartFragment-->
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">Mas o menino sumiu por muito tempo... E a Árvore ficou
tristonha outra vez.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">Um dia, o menino veio e a Árvore estremeceu tamanha a sua
alegria, e disse: "Venha, Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se
nos meus galhos e ser feliz."<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Estou muito ocupado pra subir em Árvores", disse
o menino. "Eu quero uma esposa, eu quero ter filhos e para isso é preciso
que eu tenha uma casa. Você tem uma casa pra me oferecer?"<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Eu não tenho casa", disse a Árvore. "Mas
corte os meus galhos, faça a sua casa e seja feliz."<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">O menino depressa cortou os galhos da Árvore e levou-os
embora para fazer uma casa.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">E a Árvore ficou feliz!<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">O menino ficou longe por um longo, longo tempo, e no dia que
voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria tamanha que mal podia falar.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Venha, venha, meu Menino", sussurrou, "venha
brincar!"<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Estou velho para brincar", disse o menino,
"e estou também muito triste." "Eu quero um barco ligeiro que me
leve pra bem longe. Você tem algum barquinho que possa me oferecer?"<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Corte meu tronco e faça seu barco", disse a
Árvore. "Viaje pra longe e seja feliz!"<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">O menino cortou o tronco, fez um barco e viajou.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">E a Árvore ficou feliz, mas não muito!<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">Muito tempo depois, o menino voltou.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Desculpe, Menino", disse a Árvore. "não
tenho mais nada pra te oferecer. Os frutos já se foram."<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Meus dentes são fracos demais pra frutos", falou
o menino.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Já se foram os galhos para você balançar", disse
a Árvore.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Já não tenho idade pra me balançar", falou o
menino.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Não tenho mais tronco pra você subir", disse a a
Árvore.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Estou muito cansado e já não sei subir", falou o
menino.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa pra lhe
oferecer", suspirou a Árvore. "Mas nada me resta e eu sou apenas um
toco sem graça. Desculpe ..."<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Já não quero muita coisa", disse o menino, "só
um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito cansado."<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">"Pois bem", respondeu a Árvore, enchendo-se de
alegria. "Eu sou apenas um toco, mas um toco é muito útil pra sentar e
descansar."<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">Venha, Menino, depressa, sente-se em mim e descanse."<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">Foi o que o menino fez.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;">E a Árvore ficou feliz.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: courier;"><br /></span></i></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><!--StartFragment-->
<!--EndFragment--></p><p class="MsoNormal"><b><span style="font-family: courier;">Shel Silverstein.</span></b><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><b><span style="font-family: courier;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span style="font-family: courier;">(Esses dias estava ouvindo uma música e entre os comentários sobre ela, alguém fazia conexão do título da música a essa história, como referência, não sei se conheci essa música antes ou depois do livro, mas até então eu não tinha associado os dois, e essa história também estava adormecida em mim. O fato é que conheci o livro "A árvore generosa" em meados de 2017, é um livro curto como se pode ver e tinha ilustrações, o que sei é que ele me afetou de alguma forma, sua melancolia mexeu comigo, eu me senti aquela árvore, me imaginei em sua solidão enquanto todas as suas partes iam embora. É muito claro que a relação da humanidade com a natureza tem trilhado por esses caminhos, isso quando a própria sociedade e</span><span style="font-family: courier;"> seus iguais pode ser vista dessa maneira, uns com os outros. Assim que terminei de ler comecei transcrever pra esse cantinho aqui mas de alguma forma não consegui terminar e deixei ele quieto. É um livro mais do que necessário, a música diz "a</span><span style="font-family: courier;"> gente sempre espera piorar, a</span><span style="font-family: courier;"> gente sempre deixa de cuidar d</span><span style="font-family: courier;">o que já tem na mão..." Tanto da natureza como dos próprios humanos, "por culpa do depois". É uma verdade muito triste, talvez por isso me afetou tanto em minha solidão, deixo aqui algo que é o oposto desse livro e do qual tenho muito carinho por existir, é outro livrinho curto e delicadamente ilustrado também chamado de</span><span style="font-family: courier;"> "O homem que plantava árvores". É uma história tão enriquecedora quanto, eu a conheci através de um curta metragem de animação, tipo de desenhos com histórias curtas que me abraçam muito com a singeleza de suas histórias que nos marcam com tão pouco tempo, e me encantou e me lembrou do meu avô, das pessoas simples do campo, do silêncio e da espera, da solidão de semear, da esperança, como uma semente para o amanhã, uma semente em que mais do que tudo você precisa acreditar. Anos depois ao acaso encontrei o livro em uma livraria, tão grande foi minha emoção em tocar e saber dele palpável </span><span style="font-family: courier;"> e que haviam traduzido uma história tão especial para o coração de quem deixa as terras serem abertas para a semente entrar). </span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<!--EndFragment--><div style="text-align: justify;"><br /></div></div>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-90371556541908601142023-07-10T18:19:00.001-07:002023-07-10T18:19:48.953-07:00O menino que carregava água na peneira<p><br /></p><p><!--StartFragment-->
</p><p style="margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;">Tenho um livro sobre águas e
meninos.<br style="box-sizing: border-box;" />
Gostei mais de um menino<br style="box-sizing: border-box;" />
que carregava água na peneira.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm 0cm 7.5pt; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;">A mãe
disse que carregar água na peneira<br style="box-sizing: border-box;" />
era o mesmo que roubar um vento e<br style="box-sizing: border-box;" />
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm 0cm 7.5pt; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;">A mãe
disse que era o mesmo<br style="box-sizing: border-box;" />
que catar espinhos na água.<br style="box-sizing: border-box;" />
O mesmo que criar peixes no bolso.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm 0cm 7.5pt; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;">O
menino era ligado em despropósitos.<br style="box-sizing: border-box;" />
Quis montar os alicerces<br style="box-sizing: border-box;" />
de uma casa sobre orvalhos.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm 0cm 7.5pt; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;">A mãe
<b>reparou que o menino<br style="box-sizing: border-box;" />
gostava mais do vazio, do que do cheio.</b><br style="box-sizing: border-box;" /><b>
Falava que vazios são maiores e até infinitos.</b><o:p></o:p></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm 0cm 7.5pt; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;">Com o
tempo aquele menino<br style="box-sizing: border-box;" />
que era cismado e esquisito,<br style="box-sizing: border-box;" />
porque gostava de carregar água na peneira.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm 0cm 7.5pt; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;"><b>Com o
tempo descobriu que<br style="box-sizing: border-box;" />
escrever seria o mesmo<br style="box-sizing: border-box;" />
que carregar água na peneira.</b><o:p></o:p></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm 0cm 7.5pt; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;">No
escrever o menino viu<br style="box-sizing: border-box;" />
que era capaz de ser noviça,<br style="box-sizing: border-box;" />
monge ou mendigo ao mesmo tempo.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm 0cm 7.5pt; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;">O
menino aprendeu a usar as palavras.<br style="box-sizing: border-box;" />
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.<br style="box-sizing: border-box;" />
E começou a fazer peraltagens.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm 0cm 7.5pt; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;">Foi
capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.<br style="box-sizing: border-box;" />
O menino fazia prodígios.<br style="box-sizing: border-box;" />
Até fez uma pedra dar flor.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm 0cm 7.5pt; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;">A mãe
reparava o menino com ternura.<br style="box-sizing: border-box;" />
A mãe falou: <b>Meu filho você vai ser poeta!<br style="box-sizing: border-box;" />
Você vai carregar água na peneira a vida toda.<o:p></o:p></b></span></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;"><b>Você
vai encher os vazios<br style="box-sizing: border-box;" />
com as suas peraltagens,<br style="box-sizing: border-box;" />
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!</b></span></span></p><p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><br /></p><p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><br /></p><p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;"><b>Manoel de Barros.</b></span></span></p><p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></span></p><p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 1.6875rem; margin: 0cm; orphans: 2; overflow-wrap: break-word; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: #555554;"><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></span></p>
<!--EndFragment--><br /><p></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-11667220725789707262023-07-10T17:51:00.003-07:002023-07-10T17:51:53.796-07:00O apanhador de desperdícios <p> </p><p><span style="font-family: courier;">Uso a palavra para compor meus </span></p><p><span style="font-family: courier;">silêncios. </span></p><p><span style="font-family: courier;">Não gosto das palavras </span></p><p><span style="font-family: courier;">fatigadas de informar. </span></p><p><span style="font-family: courier;">Dou mais respeito </span></p><p><span style="font-family: courier;">às que vivem de barriga no chão </span></p><p><span style="font-family: courier;">tipo água pedra sapo.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Entendo bem o sotaque das águas </b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Dou respeito às coisas desimportantes </b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>e aos seres desimportantes.</b></span></p><p><span style="font-family: courier;">Prezo insetos mais que aviões. </span></p><p><span style="font-family: courier;">Prezo a velocidade </span></p><p><span style="font-family: courier;">das tartarugas mais que as dos mísseis.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Tenho em mim esse atraso de nascença.</b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Eu fui aparelhado </b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>para gostar de passarinhos.</b></span></p><p><span style="font-family: courier;">Tenho abundância de ser feliz por isso.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Meu quintal é maior do que o mundo.</b> </span></p><p><span style="font-family: courier;">Sou um apanhador de desperdícios:</span></p><p><span style="font-family: courier;">Amo os restos</span></p><p><span style="font-family: courier;">como as boas moscas.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Queria que a minha voz tivesse um</b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>formato </b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>de canto. </b></span></p><p><span style="font-family: courier;">Porque eu não sou da informática:</span></p><p><span style="font-family: courier;">eu sou da invencionática.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Só uso a palavra para compor meus silêncios.</b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Manoel de Barros. </b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>(Meu poema favorito do senhor Manoelzinho).</b></span></p><p><br /></p><p><br /></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-10139759110887866812023-07-08T18:52:00.002-07:002023-07-09T16:35:13.028-07:00Poeminho do Contra<p> </p><p><br /></p><p><span style="font-family: courier;">Todos esses que aí estão </span></p><p><span style="font-family: courier;">Atravancando meu caminho</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eles passarão...</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu passarinho!</span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><b><span style="font-family: courier;">Mário Quintana.</span></b></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Como a canção de um pequeno pássaro diante do mundo e me valendo daquilo que Clarice Lispector um dia escreveu. "Porque há o direito ao grito. Então eu grito". </span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu passarinho!</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu passarinho!</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu passarinho!</span></p><p><span style="font-family: courier;">EU PASSARINHO!</span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><span style="font-family: courier;">EU, </span></p><p><span style="font-family: courier;">PASSARINHO.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><b>É como um sussurro desse velho amigo poeta, passe devagarinho mesmo, menina passarinha. Sobre o conforto de se demorar um pouquinho enquanto todos se esbarram, e se tropeçam uns nos outros. </b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><span style="font-family: courier;">♡.</span></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-7083956507117657932023-07-08T18:19:00.004-07:002023-07-09T19:20:27.543-07:00Retrato de um poema <p> </p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Esse desenho sou eu se fosse uma imagem da minha cabeça personificada, de alguma das maneiras que me imagino. É sempre uma grata surpresa encontrar desenhos como esse tão cheios de poesia que ultrapassa as letras. Expansão, é essa a palavra. </span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">A poesia se transmuta em várias formas na visão do poeta. Eu amo quando a poesia encontra as imagens que alguma palavra não foi suficiente para expressar e então se estende nessas paisagens da alma. Lembro que um dos primeiros desenhos que arrisquei fazer sobre algo que escrevi foi um pássaro-árvore ou como gosto de chamar de uma árvore com alma de passarinho. Eu sou uma eternamente apaixonada por desenhos, ilustrações e pinturas que fazem essa transmissão poética, já quis morar em tantas e eu amo encontrar um desenho que revela exatamente algo que eu havia escrito ou sentido e que posso ver em outras dimensões que outro também enxergou, são dessas coincidências bonitas da vida, encontrar os pensamentos, os sentimentos e sensações, as palavras que se comunicam diretamente com o que estava dentro de você, e torna aquilo vivo, e ainda mais poético. Gosto de olhar algumas imagens que me passam a sensação de "growing", algo se expandindo de nós, crescendo através de nós, transpassando a carne, transcendendo o corpo em mutação, mostrando a profundidade exposta crescendo pra fora depois de tanto sufocar-se por dentro, enfim livre da casca, algo crescendo da sua solidão de um corpo que não cabe a própria mente, de um frágil e passageiro corpo que muitas vezes não suporta o quanto as emoções podem ser fortes e maiores que sua estrutura aguenta e ao mesmo tempo esse corpo resiste como sua pequena fortaleza e proteção do seu ser único, e ele busca meios de se expandir de si mesmo pra dar conta de toda essa imensidão que ele guarda sem entender muitas vezes o que ela é. É tão necessário acolher essa casquinha, essa pele momentânea, que muitas vezes me identifico com um processo no mundo animal, dentro de um clado chamado Ecdysozoa, aqueles que passam pelo processo de Ecdysis, que ao longo de seu crescimento e expansão, vão deixando cascas pelo caminho, sofrendo várias mudas graduais ao seu processo de viver, o corpo em mudas, em transições de dentro e fora de si. Assim como a metamorfose, acho um dos processos mais poéticos da natureza, em que crescer se processa em abandonar as próprias cascas velhas pelo caminho, quando o exoesqueleto desses animais já não os veste mais, já não comporta o seu ser que necessita se expandir mais uma vez de si mesmo, então a casca é liberada e outra nasce. Talvez por isso me aproximei ainda mais dos insetos, a natureza fala em tantas formas. Eu sempre sinto essa agonia de casca, de mudar de pele, de deixar sair esse incomodo superficial quando algo dentro emite sinais que precisa de espaço para crescer mais, sair pra fora, abandonar o corpo. Talvez um poema nasça disso tudo pois acho interessantes as Ecdysis, a própria formação de um poema me remete a esse processo, quando seus sentimentos já não cabem no corpo e precisam ser expelidos como uma casca. Você já viu uma casca de cigarra? São chamadas exúvias. Manoel de Barros sabiamente um dia poetisou sobre elas no seu poema Árvore, "e descobriu que uma casca vazia de cigarra esquecida nos troncos das árvores só presta para poesia". Sim, até mesmo as cascas são material para poesia, relíquias naturais do processo de vir a ser, do torna-se, e bem-vindos aqueles que também ainda enxergam poesia de suas próprias cascas vazias anteriores, pois também foram sua casa e abrigou com todo cuidado o que ainda estava se formando dentro de ti mais uma vez. </span></span></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWHWmjr4BV26b-myv8vlKESsZ9NAbio_W0DQzJkY6KlVawSjrzbuUffVgD9q8LKez-6Nc9k1PiLzi6guyjpx74rekR_OTFl8CAcSos9yyIlRXfIjRG4ROHnN0RK9U98YO3PMaOedqK5f6xQvS_f5y28xmwIenIV5dbczqFxWmDV4yTUsoH54EdJYPCQbFx/s709/Alquemie.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="709" data-original-width="522" height="470" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWHWmjr4BV26b-myv8vlKESsZ9NAbio_W0DQzJkY6KlVawSjrzbuUffVgD9q8LKez-6Nc9k1PiLzi6guyjpx74rekR_OTFl8CAcSos9yyIlRXfIjRG4ROHnN0RK9U98YO3PMaOedqK5f6xQvS_f5y28xmwIenIV5dbczqFxWmDV4yTUsoH54EdJYPCQbFx/w368-h470/Alquemie.jpeg" width="368" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: courier; font-size: x-small;">Ilustração por Stephen Mackey.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: courier; font-size: x-small;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: courier; font-size: x-small;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: courier; font-size: x-small;"><br /></span></div>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-5937051182558161422023-07-08T13:54:00.002-07:002023-07-08T18:25:12.162-07:00Ruína<p> </p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Um monge descabelado me disse no caminho: "Eu queria construir uma ruína. Embora eu saiba que ruína é uma desconstrução. Minha ideia era de fazer alguma coisa ao jeito de tapera. Alguma coisa que servisse para abrigar o abandono, como as taperas abrigam. Porque o abandono pode não ser apenas de um homem debaixo da ponte, mas pode ser também de um gato no beco ou de uma criança presa num cubículo. O abandono pode ser também de uma expressão que tenha entrado para o arcaico ou mesmo de uma palavra. Uma palavra que esteja sem ninguém dentro (O olho do monge estava perto de ser um canto). Continuou: digamos a palavra AMOR. <b>A palavra amor está quase vazia. Não tem gente dentro dela.</b> Queria construir uma ruína para a palavra amor. Talvez ela renascesse das ruínas, como o lírio pode nascer de um monturo". </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">E o monge se calou descabelado. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><b>Manoel de Barros.</b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><b>(Um dia eu escrevi pra mim mesma, caro vovô poeta, que eu tinha tudo pra descrer no amor, mas o amor acreditou em mim. Como algo que nasce além de mim. Foi das vezes que eu o imaginei e senti assim renascer das ruínas de mim mesma, de uma bondade genuína que ultrapassa os limites terrestres, amor que muitas vezes não recebi ou conheci, de onde ele veio? Esse amor que não sei nomear, me levantando das cinzas). Será amor, que você acredita ainda em mim? Quando meu coração está quase não acreditando mais. </b></span></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-88389320343693785182023-07-08T11:16:00.003-07:002023-07-09T07:07:54.133-07:00E o pássaro cantava déjà vu<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: courier;">Faz um tempo que não saímos para brincar e eu me pergunto se um dia sorrirá pra mim outra vez, tenho a sensação que brinco sozinha quando te chamo pra fora, eu quis que fossemos do mundo, será que nos escondemos demais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: courier;">Os dias passam como o céu visto de uma janelinha, a claridade embora esteja por toda parte parece tão longe dos meus olhos outra vez. Eu te convido a brincar lá fora comigo mas não sinto mais a sua mão, queria poder que meu abraço fosse brilhante, queria ser uma transmissão forte de amor por onde passo, eu me prometi isso, mas como acreditar no meu amor quando estou rodeada de ódio e mágoas alheias, todos os dias tento me convencer que nada disso é culpa minha, que posso ter uma vida diferente, que eu mereço ser amada pelas pessoas de uma forma simples e sem vaidades.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: courier;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Desde criança descobri uma fonte silenciosa em mim que me mantem em conversação com o mundo de fora, ela que leva meus olhos pra passear às vezes, descobrimos tantos espetáculos insignificantes e nos deliciamos com o gosto da vida, isso me manteve distante de toda a ruína a minha volta mas não pode me impedir de cair, tudo o que eu acreditava desmoronou dentro de mim, em parte sou melhor do que fui antes porque posso ser ainda qualquer coisa, posso ver sem medo, embora não saiba para onde olhar dentro de mim. Estou me adaptando as minhas próprias ruínas. </span><br />
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Existem palavras escritas que são como se estivéssemos olhando nos olhos, existem fotografias que por um instante podemos sentir o frescor do tempo, parece até que podemos sentir como tinha algo perfumado ali, tem palavras que são abraços e todas essas coisas que nos aproximam do silêncio. Eu gosto de fotografar com palavras, como Manoel de Barros descreveu tão poeticamente, "difícil fotografar o silêncio, entretanto tentei", gosto de pintar com palavras, você sabe, assim como descobri que Van Gogh além de pintor escrevia belas cartas ao seu irmão. Você se lembra amigo de quando te falei das cartas de Vincent a Théo e que eu adorava a carta sobre o pássaro na gaiola, nós também éramos esse pássaro e foi bom dividir contigo essa dor pintada com pinceladas cheias de amarelo e estrelinhas feito cicatrizes consteladas num céu cheio de curvas. Van Gogh se tornou nosso amigo íntimo, uma alma irmã. Gosto dessa breve viagem no tempo carregada de todos os sentidos mas também há dias que procuro outros meios de dizer sem elas, preciso esvaziar as palavras, é isso, eu me canso de falar, de ter uma alma falante e expressiva e ao mesmo tempo sem nem abrir os lábios sentir que falou sem parar. </span><br />
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Se eu pudesse te dar as fotografias da alma te daria o dia que saí e me impressionei com o céu feito criança, parecia que fazia anos que não via o céu de corpo inteiro, sendo que todos os dias eu o olhava cabisbaixa com tristeza muda. Tem vezes que os nossos olhos não querem tocar a beleza, isso aprendi no sofrimento, a hora de recolher-se das belezas e se comunicar com o vazio, se revestir de nada, é um alívio não ser importante. </span><br />
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">E então já faz um tempo que o céu não é o mesmo e que levantar dói mas percebi o céu depois de muitos dias de isolamento em mim mesma, eu parecia a mesma menina de olhos encantados, o céu era um cobertor tão grande, senti que quase podia tocá-lo, o céu parecia baixo e ao mesmo tempo imenso como sempre e não como das outras vezes comprimido. Só eu sabia e estava bom assim. Queria praticar mais vezes o "só eu sabia e estava bom assim". </span><br />
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">O céu é gentil, já perdi as contas de todas as vezes que a sua pintura momentânea me salvou a alma, que o céu invada o teu corpo inteiro.</span><br />
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Tenho vivido só pra esperar o dia passar, fico quieta em absoluto distanciamento de qualquer estímulo, nasci para o silêncio e me dei conta de que estive sempre assim, mas certas vezes ao estarmos mergulhados demasiado em algo não percebemos que aquilo faz parte de nós e tem valor. Foi quando me vi em tormento por ter que falar, quando você se cala a vida toda o medo de falar é persistente e a culpa por falar demais é desconcertante, queria te falar sobre o silêncio que nos põe no lugar, quando as palavras fizeram eu me perder de mim e em mim</span></span><span style="font-family: courier;">, estou cheia de coisas que ficaram pela metade na fala.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">
<span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Algumas vezes imagino o teu futuro e vejo como tem tudo pra ser bonito, como a fotografia desse céu imenso que não pude te enviar hoje. Anos depois, revisito essa carta que nunca enviei, hoje olho suas fotografias da vida e vejo como eu estava certa porque vi no seu sorriso que te fez bem. Você cresceu mais passarinho.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span face=""trebuchet ms" , sans-serif">Para você, um amigo de alguma distância, </span>para uma das pessoas que pela primeira vez aprendi a compartilhar coisas de uma forma mais extensiva, numa época que eu estava aprendendo a gostar das coisas junto com as pessoas e me aproximar através das palavras escritas (que sempre foram meu lugar favorito de existir melhor), a descobrir brincar pelos gostos pelas coisas aleatórias e vi como é bonito quando alguém quer de verdade falar com você todos os dias, te conhecer de verdade, se misturar a suas maluquices e esquisitices com curiosidade, te conduzir a falar também pelo simples fato de querer te acompanhar mesmo quando você sempre foi acostumada a não ser companhia constante. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Doeu perder a presença que aprendi a ser naqueles tempos mas hoje posso sorrir por você mesmo de longe. Acho que estou vivendo isso outra vez, de um jeito ainda mais profundo por isso tive que tornar essa carta real. É, acho que já vi isso acontecendo antes. Queria te dizer que tive coragem de fazer um voo desajeitado, eu fui encontrar o amor, eu desci do meu ninho estranho, conheci o amor como se fosse um sonho real, um abraço que eu esperei a muito tempo, eu o encontrei, e me pensei ter sido encontrada, me senti pelo menos um pouquinho como todas as outras garotas que eu me comparava cruelmente e via viver isso ao meu redor, foi o mais palpável que eu consegui sentir em toda minha vida, e vai doer muito mais nessa minha pele gritante. Continuo triste como sempre fui, e essas palavras de 2018 continuam as mesmas em minha tristeza incurável. Vou ver muitos filmes como acalento pra alma, ver desenhos animados pra confortar do cansaço chato de ser adulto e tentar morar eternamente em O Fabuloso destino de Amélie Poulain. Foi em abril que minha vida mudou pra sempre. </span><span style="font-family: courier;">Ainda bem que não existe apenas a realidade, assim eu posso me esconder em outros mundos, não é. A realidade é triste demais quando você é a personificação do irreal. Você tem aí vida algum sonho pra eu viver?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">"Então, minha querida Amélie, você não tem ossos de vidro. Pode suportar os baques da vida. Se deixar passar essa chance, com o tempo, seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto meu esqueleto". Eu aproveitei a chance, eu acreditei com todas as minhas forças, eu confiei e amei como se não tivesse sido tão profundamente machucada pelo amor antes, o Nino existiu, ele acenou de volta pra mim numa rodoviária quando o encontrei no meio das pessoas. Eu demorei de acreditar que o ônibus chegou num destino para um coração e um abraço e que eu estava descendo, que eu estava mesmo ali. Mas eu já estava quebrada bem antes disso, só me resta que meu coração fique seco até virar pó, se esfarelar enfim. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Esses dias imaginei o Nino, eu estava sentada ao lado dele em um banco qualquer sentindo o vento, e ele me perguntava o que eu estava sentindo depois de ter ido pra ficar. Eu respondia enquanto sentia: "É uma sensação de asinhas abertas, eu estou sentindo o vento nelas agora mesmo aqui atrás, eu estou sentindo as asas". Foi isso que imaginei sobre a segurança de pousar o coração. Eu acho que tentei fotografar esse silêncio de estar ao lado e nem sempre precisar voar pra sentir as asas abertas. Mas o pouso, como é lindo. Essa é a fotografia que tirei para o Nino, embora ela exista apenas na minha cabeça. Eu estou tão cansada de ouvir "isso é só a sua mente, isso não existe" para tantas coisas que eu sinto aqui dentro. Acho que o amor não é para uma pessoa como eu, amigo. Mas eu tentei nem que fosse pela última vez doer disso tudo que chamam amor com todas suas vaidades inalcançáveis pra minhas mãos trêmulas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">De um s</span><span style="font-family: courier;">empre desajeitado, curioso, confuso e fantasioso,</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Pequeno pássaro ocular.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Eu acho que não posso voar</span><span style="font-family: courier;"> mais, porém ao menos posso vocalizar canções voadoras para quem sabe aprendam o caminho de voarem até a mim.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><i><span>"</span>Era um lugar abandonado, sempre habitado, mas nunca moradia, era uma gaiola ao céu aberto, uma prisão sem cadeado. Ninguém queria fazer parte daquele lugar, e o pequeno passarinho olhava cândido todas as árvores se esticando devagar mesmo sem sair do lugar, ele se admirava do quanto elas cresciam para todos os lados. E ele se encolhia, apertava suas asinhas para sentir seu frágil corpo, e cantava, como eu queria ao invés de voar, abrir as asas como um ramo de árvore e me estender silenciosamente e devagarinho, como eu queria que minhas plumagens se alongassem aos céus, eu queria tanto ser de um lugar só mas ser tantos lugares em um só. </i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><i>Eu queria tanto ser uma árvore com alma de passarinho".</i></span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3825922484745370052.post-24394752874053098792023-07-04T20:49:00.002-07:002023-07-04T20:51:01.831-07:00Love and Friendship<p> </p><p><span style="font-family: courier;">Love is like the wild rose-briar,</span></p><p><span style="font-family: courier;">Friendship like the holly-tree -</span></p><p><span style="font-family: courier;">The holly is dark when the rose-briar blooms,</span></p><p><span style="font-family: courier;">But which will bloom most constantly?</span></p><p><span style="font-family: courier;">The wild rose-briar is sweet in spring,</span></p><p><span style="font-family: courier;">It's summer blossoms scent the air.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Yet wait till winter comes again </span></p><p><span style="font-family: courier;">And who will call the wild-briar fair?</span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><span style="font-family: courier;">Then scorn the silly rose-wreath now</span></p><p><span style="font-family: courier;">And deck thee with the holly's sheen,</span></p><p><span style="font-family: courier;">That when December blights thy brow</span></p><p><span style="font-family: courier;">He still may leave thy garland green.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><span style="font-family: courier;">Tradução:</span></p><p><br /></p><p><span style="font-family: courier;">O amor é como a roseira brava,</span></p><p><span style="font-family: courier;">A amizade como o azevinho - </span></p><p><span style="font-family: courier;">O azevinho está escuro quando a roseira brava floresce, </span></p><p><span style="font-family: courier;">Mas qual florescerá mais constantemente?</span></p><p><span style="font-family: courier;">A roseira brava é doce na Primavera</span></p><p><span style="font-family: courier;">As suas flores de Verão perfumam o ar.</span></p><p><span style="font-family: courier;">No entanto, esperem que o Inverno venha de novo </span></p><p><span style="font-family: courier;">E quem chamará à roseira brava bela? </span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><span style="font-family: courier;">Então rejeita a volúvel grinalda de rosas agora </span></p><p><span style="font-family: courier;">E cobre-te com o esplendor do azevinho </span></p><p><span style="font-family: courier;">De modo que quando Dezembro atingir a tua fronte </span></p><p><span style="font-family: courier;">Ele possa ainda deixar a tua grinalda verde. </span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Emily Brontë. </b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>(Dear Emily, like you, I know I'll always be the dark holly-tree. Was I born to be rose?)</b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b><br /></b></span></p>Miss Nobodyhttp://www.blogger.com/profile/03130799537967789652noreply@blogger.com0