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Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

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quinta-feira, 5 de outubro de 2023



os olhos dela são de vidro
e eu posso sentir
a leve melodia de águas tranquilas
quando por um instante
meus olhos encontram os dela

os olhos dela são de vidro
e eu posso ver
a delicadeza das águas límpidas
escondidas com silêncio

os olhos dela são de vidro
e eu posso entrar
para beber doçura sempre que olhar

os meus olhos são trovejantes
preciso entrar de mansinho
sem mostrar a tempestade
para que nos olhos dela
o encanto das águas bondosas
cantem para as pedras de gelo nos meus olhos
e me derretam lentamente
como as fontes aquáticas dela

os olhos dela
são aquários infinitos
que guardam o oceano pacífico.


Para minha vovó dos olhos de encanto.


(Poema arquivado em 2017, sinto muita falta de como os meus olhos encontravam os seus já me esperando subir as escadas correndo, a sua risada solta que balançava a barriguinha e me fazia sorrir, eu amava fazer você sorrir com minhas bobagens pois sabia tanto o fardo que você carregava tão silenciosa e humildemente da não autonomia do corpo, da perda da fala, da visão baixa, mas ainda assim seu rosto era tão comunicativo de doçura, meiguice, amor de vó. Eu que tenho dificuldade de me comunicar muito por olhares, entendia tanto os silêncios dos seus, me sentia tão confortável com essa comunicação silenciosa de estar ao seu lado e conversar com seus olhos. 
Seus olhos foram um dos poucos que eu soube ler, que eu soube mergulhar e entender o que ele me pediam, eu sei que te amei profundamente e quando você se foi eu me deitei na cama abraçando todas as memórias doces que pude construir junto com você e eu agradeci tanto por eu ter tido tempo de fazê-las com você de  viver com você, de segurar sua mão até o fim. Memórias que nasceram entre silêncios e artes e todas as minha esquisitices tentando te levantar quando a alma estava caída, eu chorava, vó, você sentiu o quanto eu te amava, não sentiu? E abracei o respeito de você descansar desse planeta, você era a minha primavera, meu cheiro de docinho, meu maior amor pra sempre, minha Zildinha, minha vovó de coração mole assim como o meu, você que era comilona como eu, nosso coração é aqueles docinhos da inocência sabe, suspiros e marias moles, nós derretemos doçura, e eu amo o cheirinho desses doces que hoje raras vezes se encontra na padaria. Eu pude entender a palavra anjo através de você, do que você era, tantas coisas aqui no meu coração que pretendo honrar como coração de vó, ainda que eu não quero ser mãe tradicional e convencional como os outros. Mas, eu quero ser esse sentimento tão gostoso, chamado casa de vó ♡).
           
                                              
                                                    

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