- Miss Nobody
- Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.
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terça-feira, 21 de janeiro de 2020
Quando eu morrer
não me deixe no chão que tanto caí
eu amei a terra, juro
conheci as plantas e seus aromas
vi as sementes levantarem de seu adormecimento
eu amei a terra mas não quero ser enterrada
Quando eu morrer
deixei-me ir
deixe-me enfim conhecer o que é voar
esfarelada
soprada e sem corpo
de vez pequena como sempre fui
Quando eu morrer
deixe-me ir partícula no ar
um rastro de alguém invisível
poder então fazer companhia ao vento
deixe-me um voo
de despedida.
sábado, 18 de janeiro de 2020
Há uma súplica de silêncio
em cada alma
Há um som perdido nas profundezas
O vento e as árvores sussurram
coisas que os corações antigos sabem ouvir
O vento carrega os suspiros
As árvores presenciam os segredos
Meu coração hoje
está lá
Há um rebuliço por dentro
onde nem eu mesma ouvi
Faz uma muda sinfonia
de fôlego apaixonado
lá onde meu coração está
Há um clamor aquecido
nas brasas
de um amor silencioso.
Lá nos alpes da imaginação vive um espírito das árvores
caminha por aquelas montanhas solitárias
a moradia dos ventos
se pudesse ver como ele sorri a rodear suas amigas árvores
lhe fazendo abrigo de aberturas
abrigo de caminhos para o vento
dando voz ao som lá no alto das folhas
o vento fala com as árvores e lhe dão a voz em duplicidade
e ele sempre volta
as árvores dançam sem nem sair de onde estão
o vento sempre volta
eis uma árvore esperando
Lá naquelas montanhas vive o segredo da poesia
lá no alto ela descobriu
que montanhas são os castelos da natureza
sê firme na imaginação
e verá suas entradas mágicas
caminho vasto de silêncio até a superfície das montanhas de si mesmo
onde tudo parece esquecido e íngreme
vive uma árvore vive o vento vive a montanha
as inclinações rochosas fazem um convite em sua subida
assim como as copas das árvores
guardiões da imensidão
quem sabe o vento
seja o espírito de uma árvore muito antiga
que passeia visitando a solidão do mundo.
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