- Miss Nobody
- Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.
Popular Posts
-
Estou em casa, um beco sem saída que conheço tão perfeitamente, um beco escuro que muitos passam apressados, coberto de paredes pálidas...
-
Esses dias uma planta secou e observei quanta beleza também há no seco, como há uma doçura melancólica nas cores secas, tudo é necessário...
-
Quem não sabe observar o céu com exploração minuciosa tampouco saberia encontrar passagens secretas nos olhos. Quando olho para o céu é c...
-
A sombra de minha imagem que vai para um lado e outro procurando uma forma de viver, conversando, barganhando eu quantas vezes dou po...
-
Uma professora de neurociência, um dia disse na aula, sobre a luta do nosso cérebro contra a gravidade pra poder se levantar e acordar tod...
-
Edgar Allan Poe escreveu num de seus poemas que tudo que ele amou, amou sozinho. Eu aprendi muito isso, o quanto amar é solitário. E d...
-
Os dias passam e já não esperneio tanto com a vida a substância desses dias me colocam num lugar de anestesiamento depois de tanto ...
-
Há um pássaro azul em meu peito que quer sair mas sou duro demais com ele, eu digo, fique aí, não deixarei que ninguém o veja. Há um páss...
-
Existem colecionadores de todos os tipos e sou uma admiradora de todos eles, gosto mais dos que colecionam raridades, algo incomum...
-
Em um lugar esquecido vivia um pequeno pássaro que todos os dias ao anoitecer cantava uma canção de apenas um verso, apenas uma melodia...
Blogger news
Tecnologia do Blogger.
domingo, 26 de julho de 2020
E eu também desbotei
soltei a cor
quebrei galhos
despetalei
caí sequei
eu parte dos fragmentos da natureza
eu também decomponho
desmorono em terra
cores gastas que se recompõe em outras cores
num lugar despovoado vim cair
o vento me deitou longe das minhas raízes
tão leve essa morte que a queda é um deitar
ainda sentia as últimas seivas de vida
esvaindo
as cores se apagarem
e na minha solidão achei que iria sumir
tudo foi ficando escuro se fechando em mim
um interior comprimindo nos últimos líquidos
resistindo com delicadeza em manter seus formatos
foi quando mudei de cor
eu estava inteira de um jeito diferente
não desapareci de mim
intacta e em outro tipo de vida
na outra extremidade da paleta de cores
seca
nua
claríssima
e mais facilmente quebradiça
foi quando ela não pisou em mim
me colheu do chão
como quem colhe um tesouro esquecido
me carregou dentro de um livro
me olhou com a gentileza das palmas das mãos
eu permaneci uma folha uma marca uma vida do que fui
eu vivi a minha forma seca
estive em páginas e caixinhas
num quase cemitério de delicadezas e fragilidades
de histórias já secas e amareladas
com a beleza de emoldurar a lembrança de uma folha,
da marca da passagem dos tempos e dos estágios da vida
histórias finalmente vistas através das cores empoeiradas
quem me diria que morrer teria ainda tanta história de viver assim
que eu depois de ser árvore fui folha além dos galhos e das cores
uma simples folha que permaneceu viva depois de morta
pelo simples fato de ser olhada
de ser guardada
de ser preciosa a alguém
e sermos histórias dentro de histórias
na memória de quem acolheu.
Assinar:
Postagens (Atom)