
- Miss Nobody
- Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.
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quarta-feira, 16 de março de 2016
Parece que a voz quer chegar até aqui, ela estava triste em minha cabeça, quando ela aparece todo o meu rosto muda, como se contraísse para chegar onde ela está.
A voz rouba as minhas expressões, tranca o meu corpo, captura os meus olhos.
Não entendo muito bem o que ela diz, por que quando a ouço tudo some ao meu redor, não consigo acompanhar o fluxo do tempo, quando a ouço é como se estivesse sem onde pisar, todo o movimento parece ser complexo, a multidão se torna estreita. Sem nenhuma intenção de cor a voz gosta de escorrer, gotejar, despencar, riscar o nada. A voz é um ranger agudo, o mais trêmulo som, um arranhão nas profundezas.
Escrevo para escutá-la sem me apagar, ela me chama para dentro dela, mas onde ela está é um caminho sem volta para pessoas como eu.
Já imaginou se você pudesse escrever para retardar ou reter coisas, a voz me prendeu nessa sina, escrevo para amortecê-la, a voz ela se acalma quando canto para ela com minhas palavras em pianíssimo.
O que me faz estar longe da voz mesmo escrevendo para escutá-la, é a força de não me perder na sua melodia mortífera, no abismo as gotas de água evocam sinfonias, cada gota a tocar o chão emite a profundidade de sua fragilidade, a transparência cristalina de uma tempestade pura. A pureza em demasia dói, e também mata, é sentir a pele translúcida a ponto de não senti-la mais com o tempo, alguma coisa precisa ser reescrita na minha pele, não consigo tocá-la, parece tudo muito além do meu tato anestesiado.
O que me faz estar longe da voz mesmo escrevendo para escutá-la, é a força de não me perder na sua melodia mortífera, no abismo as gotas de água evocam sinfonias, cada gota a tocar o chão emite a profundidade de sua fragilidade, a transparência cristalina de uma tempestade pura. A pureza em demasia dói, e também mata, é sentir a pele translúcida a ponto de não senti-la mais com o tempo, alguma coisa precisa ser reescrita na minha pele, não consigo tocá-la, parece tudo muito além do meu tato anestesiado.
Talvez a voz capture a minha alma e me tranque nesse livro de ecos, mas até lá escreverei a história de uma continuação que nunca soube fazer.
Meu coração se habituou a começar de novo todos os dias, acordo com a tristeza de não saber onde estou, meu tempo é outro, vivo o tempo de sons inatingíveis, minha vida é esse estar ausente, sem lembrar o que foi que eu esqueci do dia anterior, parece que ontem foi uma coisa longe, e as coisas longe de fato já não sei onde foram parar. Tenho sentido as minhas memórias se desmontarem em um lugar tão escuro onde não há começos,a voz faz isso, faz as coisas se desmontarem nos seus olhos, você vê pedaços e só ouve pedaços.
É como a visão de queda além do horizonte de eventos de um buraco negro, a sua alma caiu lá há muito tempo mas tudo o que você consegue enxergar nesse tempo que não é tempo é a visão de algo quase lá.
É como a visão de queda além do horizonte de eventos de um buraco negro, a sua alma caiu lá há muito tempo mas tudo o que você consegue enxergar nesse tempo que não é tempo é a visão de algo quase lá.
Não sinto mais a morte tão perto quanto antes, sei que está ali mas não a deixo tocar nos meus ouvidos, estou presa escrevendo em algum lugar dentro de mim o tempo todo.
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