
- Miss Nobody
- Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.
Popular Posts
-
Dizem que somos poeira das estrelas, somos formados da mesma composição do universo. Somos universos particulares, cheios de constel...
-
Me deram um coração plantinha silvestre Rasteira Quase invisível Alguns olhares despreparados olham e dizem: "isso aqui é só mato...
-
Julho de 1880. Meu caro Théo, É um pouco a contragosto que lhe escrevo, não o tendo feito há tanto tempo, e isto por muitos motivos. At...
-
biologia da fantasia. Vivo em um jardim soterrado apesar de toda a beleza do jardim estou debaixo das suas terras uma única semente...
-
tem uma lâmina nos meus olhos só vejo em cortes profundos tenho um olhar que rasga a realidade só vejo rasgos em um tecido finíssi...
-
E eu também desbotei soltei a cor quebrei galhos despetalei caí sequei eu parte dos fragmentos da natureza eu também decomponho desmorono e...
-
Esses dias uma planta secou e observei quanta beleza também há no seco, como há uma doçura melancólica nas cores secas, tudo é necessário...
-
Em um lugar esquecido vivia um pequeno pássaro que todos os dias ao anoitecer cantava uma canção de apenas um verso, apenas uma melodia...
-
Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas d...
Blogger news
Tecnologia do Blogger.
domingo, 26 de julho de 2020
E eu também desbotei
soltei a cor
quebrei galhos
despetalei
caí sequei
eu parte dos fragmentos da natureza
eu também decomponho
desmorono em terra
cores gastas que se recompõe em outras cores
num lugar despovoado vim cair
o vento me deitou longe das minhas raízes
tão leve essa morte que a queda é um deitar
ainda sentia as últimas seivas de vida
esvaindo
as cores se apagarem
e na minha solidão achei que iria sumir
tudo foi ficando escuro se fechando em mim
um interior comprimindo nos últimos líquidos
resistindo com delicadeza em manter seus formatos
foi quando mudei de cor
eu estava inteira de um jeito diferente
não desapareci de mim
intacta e em outro tipo de vida
na outra extremidade da paleta de cores
seca
nua
claríssima
e mais facilmente quebradiça
foi quando ela não pisou em mim
me colheu do chão
como quem colhe um tesouro esquecido
me carregou dentro de um livro
me olhou com a gentileza das palmas das mãos
eu permaneci uma folha uma marca uma vida do que fui
eu vivi a minha forma seca
estive em páginas e caixinhas
num quase cemitério de delicadezas e fragilidades
de histórias já secas e amareladas
com a beleza de emoldurar a lembrança de uma folha,
da marca da passagem dos tempos e dos estágios da vida
histórias finalmente vistas através das cores empoeiradas
quem me diria que morrer teria ainda tanta história de viver assim
que eu depois de ser árvore fui folha além dos galhos e das cores
uma simples folha que permaneceu viva depois de morta
pelo simples fato de ser olhada
de ser guardada
de ser preciosa a alguém
e sermos histórias dentro de histórias
na memória de quem acolheu.
Assinar:
Postagens (Atom)