
- Miss Nobody
- Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.
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Meu coração tem trinta anos
mas as vezes parece que ainda não nasceu
as vezes parece que já viveu tempo demais
eternidades e efemeridades de batida em batida
Trinta anos tentando harmonizar meu corpo
sem alto falantes ele bate
em águas paradas ou turbulentas
segue seu ritmo quando as minhas estruturas tremem
a música sai por inteira completa em todas suas intensidades
eu que por tantas vezes pareci estar por um triz
e vazando
de apertos que não eram sanguíneos ou bombeados
me pergunto quantas vezes ele também se salvou sozinho
nas suas válvulas e fluxos além das minhas mãos e consciência
fazendo tudo fluir pelo menos por dentro
Meu coração tem trinta anos
ele suportou as flechas invisíveis
tão certeiras em meu peito
uma por uma fui tirando
numa imensidão de camadas também invisíveis
o coração ainda bate lá
no coração que parece guardar outro coração
quando tudo está dolorido
eu o procuro debaixo de todas as camadas
para até além dele mesmo
pois um coração alojado em sua gaiola de ossos
ele também parece distante e mesmo preso
e sua linguagem parece chamar outros nomes que não conheço
nessa caixa torácica
nessa gaiola
nesse canto compassado
tão metricamente orquestrado de um corpo que ainda pulsa
lá está meu maestro do silêncio
em sua caixinha de fluxos musicais
em harmonia nas minhas desarmonias
regendo o peito aberto
Meu coração de trinta anos
sei que estás aí
e como ouço
ardendo
borbulhando
esquentando a raiz de todas palavras
que foram música sanguínea antes de tudo.