Minha foto
Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

Popular Posts

Blogger news

Tecnologia do Blogger.
sexta-feira, 29 de julho de 2022



Essa casa parece que chora, 

como uma mancha adoecida dos alicerces 

As infiltrações na parede nunca sararam, 

não importa quantas vezes tudo isso é pintado e renovado em cores, 

a poça infiltrada do avesso sempre volta 

se espalhando e mofando o que se tentou cobrir

como uma metáfora de quem mora dentro

uma mancha que é feito paredes que falam o que tanto guardam

tão silenciosamente sobre o abandono

Dias desses a água furou o cimento, 

a parede lá do alto teto pingava e escorria em continuidade

como se a água atravessasse paredes tão facilmente, 

foi simbólico e forte, 

a parede chorava num filamento inteiro até o chão, 

E eu que sempre fui de associar coisas a sentimentos ocultos

vi ali como essa casa sabia do que eu sei no meu coração

dessa solidão tão cheia de paredes altas 

E eu quis atravessar essas paredes que não cabem mais meus sentimentos, 

empoçada dentro de mim mesma sem poder ser lá fora, 

fazendo enchentes em minha superfície assombrada 

Eu também estou cheia de manchas envelhecidas

Impregnada dessa casa vazia e sem vida

E eu quero me pintar por dentro

Essa casa tão cheia de labirintos cada vez mais apertados nunca foi minha

As paredes se estreitam a cada dia em minha direção

Esmagando imponentemente meu coração

Eu procuro meu lar entre paredes e chãos 

entre seus acúmulos e coisas inacabadas 

Nos reflexos da desordem tento saber onde está minha saída

e melancolicamente me sinto sem espaço algum 

Essa casa parece que chora

e nas suas paredes as minhas lágrimas também compõe a infiltração.



0 comentários: