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Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

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quarta-feira, 28 de junho de 2023

 


Encaro paredes 

tateando formas de abraçar 

um rio corre lá fora 

mas é de meu corpo o barulho das águas 

Perdoem o que sou, digo

a beleza me matou antes

que eu me soubesse bonita

Perdoem o que sou, digo

eu choro a delicadeza de Rimbaud

pois também perdi a vida

Perdoem o que sou, digo

a verdade me escancarou

abri-me em janelas 

e estou fadada a olhar profundamente 

a terrível condição 

de morrer para sempre 

Perdoem o que sou, digo

é certo que todos temos

algo para amar

e é igualmente certo 

que amando verdadeiramente 

seremos ainda mais solitários 

porque e digo isso 

enfartada de vida interior

amar é antes de tudo 

escolher amar

Perdoem o que sou, digo

ainda ei de encontrar Dickinson

e ela me dirá alegre

que a beleza é a verdade

e que nisto somos irmãs.


P. F. Filipini.

(Obrigada por esse poema existir Pâmela).



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