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Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

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domingo, 10 de maio de 2020




Nos dias em que me sinto solitária
há uma orquestra sobre mim
uma orquestra também solitária 
talvez silenciosa para os apressados e desatentos
minha solidão me chama pra deitar
por que parece tão melhor quando o ouvido se deita?
por um instante deitar parece abafar tudo ao redor
há uma orquestra sobre minha cabeça 
o universo dança harmonias ocultas
sistemas planetários 
sistemas binários
astros solitários 
astros errantes
rodopios e valsas
abraços gravitacionais 
estou silenciosa
feito um satélite entregue ao nada 
mas aqui bem longe dos astros cintilantes 
do ofuscar das grandes danças
aqui no chão do meu sereno 
vozes pequenas me enlaçam de suas vibrações
minhas noites por mais tristes que sejam 
há o entoar quase anestésico de suas linguagens
ondas sonoras cheias de oscilações vibrações e chiados 
um zumbido de calma paira no ar
sons que ressoam quase em brilho
cricrilar
cintilar
os seres grilos me trazem o cosmos pra perto
suas vibrações aladas ecoam 
um coral vibrante 
no grande salão do universo 
quando ninguém me tirou pra dançar
os grilos me chamam
lá nas últimas badaladas da noite
no abandono úmido da madrugada
há uns grilos a ressoar distâncias 
há uma harmonia tênue 
há um fundo melodioso 
quase sinto ser pega pelas mãos através dos ouvidos
ressonâncias espaciais
um som surdo de frequências que não atormentam
um convite silencioso
para fazer parte da orquestra da vida.




(Pequena homenagem aos seres da solidão, 
aos seres do canto sereno
as criaturas que fazem a noite
que nos elevam ao silêncio dos astros
grilos e espaço, estrelas e solidão
a toda alma solitária um descanso
e um som universal da noite 
em acolhimento auditivo). 




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