- Miss Nobody
- Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.
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- Bernardo é quase uma árvore
- A Árvore Generosa
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- O apanhador de desperdícios
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- Retrato de um poema
- Ruína
- E o pássaro cantava déjà vu
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- Quando vier a primavera
- Anatomia de um quadro vivo
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julho
(13)
Mas o menino sumiu por muito tempo... E a Árvore ficou
tristonha outra vez.
Um dia, o menino veio e a Árvore estremeceu tamanha a sua
alegria, e disse: "Venha, Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se
nos meus galhos e ser feliz."
"Estou muito ocupado pra subir em Árvores", disse
o menino. "Eu quero uma esposa, eu quero ter filhos e para isso é preciso
que eu tenha uma casa. Você tem uma casa pra me oferecer?"
"Eu não tenho casa", disse a Árvore. "Mas
corte os meus galhos, faça a sua casa e seja feliz."
O menino depressa cortou os galhos da Árvore e levou-os
embora para fazer uma casa.
E a Árvore ficou feliz!
O menino ficou longe por um longo, longo tempo, e no dia que
voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria tamanha que mal podia falar.
"Venha, venha, meu Menino", sussurrou, "venha
brincar!"
"Estou velho para brincar", disse o menino,
"e estou também muito triste." "Eu quero um barco ligeiro que me
leve pra bem longe. Você tem algum barquinho que possa me oferecer?"
"Corte meu tronco e faça seu barco", disse a
Árvore. "Viaje pra longe e seja feliz!"
O menino cortou o tronco, fez um barco e viajou.
E a Árvore ficou feliz, mas não muito!
Muito tempo depois, o menino voltou.
"Desculpe, Menino", disse a Árvore. "não
tenho mais nada pra te oferecer. Os frutos já se foram."
"Meus dentes são fracos demais pra frutos", falou
o menino.
"Já se foram os galhos para você balançar", disse
a Árvore.
"Já não tenho idade pra me balançar", falou o
menino.
"Não tenho mais tronco pra você subir", disse a a
Árvore.
"Estou muito cansado e já não sei subir", falou o
menino.
"Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa pra lhe
oferecer", suspirou a Árvore. "Mas nada me resta e eu sou apenas um
toco sem graça. Desculpe ..."
"Já não quero muita coisa", disse o menino, "só
um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito cansado."
"Pois bem", respondeu a Árvore, enchendo-se de
alegria. "Eu sou apenas um toco, mas um toco é muito útil pra sentar e
descansar."
Venha, Menino, depressa, sente-se em mim e descanse."
Foi o que o menino fez.
E a Árvore ficou feliz.
Shel Silverstein.
(Esses dias estava ouvindo uma música e entre os comentários sobre ela, alguém fazia conexão do título da música a essa história, como referência, não sei se conheci essa música antes ou depois do livro, mas até então eu não tinha associado os dois, e essa história também estava adormecida em mim. O fato é que conheci o livro "A árvore generosa" em meados de 2017, é um livro curto como se pode ver e tinha ilustrações, o que sei é que ele me afetou de alguma forma, sua melancolia mexeu comigo, eu me senti aquela árvore, me imaginei em sua solidão enquanto todas as suas partes iam embora. É muito claro que a relação da humanidade com a natureza tem trilhado por esses caminhos, isso quando a própria sociedade e seus iguais pode ser vista dessa maneira, uns com os outros. Assim que terminei de ler comecei transcrever pra esse cantinho aqui mas de alguma forma não consegui terminar e deixei ele quieto. É um livro mais do que necessário, a música diz "a gente sempre espera piorar, a gente sempre deixa de cuidar do que já tem na mão..." Tanto da natureza como dos próprios humanos, "por culpa do depois". É uma verdade muito triste, talvez por isso me afetou tanto em minha solidão, deixo aqui algo que é o oposto desse livro e do qual tenho muito carinho por existir, é outro livrinho curto e delicadamente ilustrado também chamado de "O homem que plantava árvores". É uma história tão enriquecedora quanto, eu a conheci através de um curta metragem de animação, tipo de desenhos com histórias curtas que me abraçam muito com a singeleza de suas histórias que nos marcam com tão pouco tempo, e me encantou e me lembrou do meu avô, das pessoas simples do campo, do silêncio e da espera, da solidão de semear, da esperança, como uma semente para o amanhã, uma semente em que mais do que tudo você precisa acreditar. Anos depois ao acaso encontrei o livro em uma livraria, tão grande foi minha emoção em tocar e saber dele palpável e que haviam traduzido uma história tão especial para o coração de quem deixa as terras serem abertas para a semente entrar).
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