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Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

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domingo, 16 de julho de 2023


Era uma vez uma árvore... que amava um menino. 
E todos os dias o menino vinha, juntava as suas folhas e com elas fazia coroas,
imaginando ser o rei da floresta.
Subia o seu tronco, balançava-se nos seus ramos, comia as suas maçãs,
brincavam às escondidas  e quando ficava cansado, dormia à sua sombra.
O menino amava aquela árvore... como ninguém. 

E a árvore era feliz.

Mas o tempo passou
o menino cresceu. 
E a árvore ficava muitas vezes sozinha.
Um dia o menino veio e a árvore disse-lhe:
- Anda, menino. Anda subir o meu tronco, balançar-te nos meus ramos, comer maçãs, brincar à minha sombra e ser feliz. 
- Já sou muito crescido para brincar - disse o menino. - Quero comprar coisas e divertir-me. Quero dinheiro. Podes dar-me algum dinheiro? 

- Desculpa - disse a árvore. - Eu não tenho dinheiro. Só tenho folhas e maçãs, menino. Vende-as na cidade.Então terás dinheiro e serás feliz. 
E assim o menino subiu o tronco, colheu as maçãs e levou-as. 

E a árvore ficou feliz. 

Mas o menino sumiu por muito tempo... E a Árvore ficou tristonha outra vez.

Um dia, o menino veio e a Árvore estremeceu tamanha a sua alegria, e disse: "Venha, Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus galhos e ser feliz."

"Estou muito ocupado pra subir em Árvores", disse o menino. "Eu quero uma esposa, eu quero ter filhos e para isso é preciso que eu tenha uma casa. Você tem uma casa pra me oferecer?"

"Eu não tenho casa", disse a Árvore. "Mas corte os meus galhos, faça a sua casa e seja feliz."

O menino depressa cortou os galhos da Árvore e levou-os embora para fazer uma casa.

E a Árvore ficou feliz!

O menino ficou longe por um longo, longo tempo, e no dia que voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria tamanha que mal podia falar.

"Venha, venha, meu Menino", sussurrou, "venha brincar!"

"Estou velho para brincar", disse o menino, "e estou também muito triste." "Eu quero um barco ligeiro que me leve pra bem longe. Você tem algum barquinho que possa me oferecer?"

"Corte meu tronco e faça seu barco", disse a Árvore. "Viaje pra longe e seja feliz!"

O menino cortou o tronco, fez um barco e viajou.

E a Árvore ficou feliz, mas não muito!

Muito tempo depois, o menino voltou.

"Desculpe, Menino", disse a Árvore. "não tenho mais nada pra te oferecer. Os frutos já se foram."

"Meus dentes são fracos demais pra frutos", falou o menino.

"Já se foram os galhos para você balançar", disse a Árvore.

"Já não tenho idade pra me balançar", falou o menino.

"Não tenho mais tronco pra você subir", disse a a Árvore.

"Estou muito cansado e já não sei subir", falou o menino.

"Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa pra lhe oferecer", suspirou a Árvore. "Mas nada me resta e eu sou apenas um toco sem graça. Desculpe ..."

"Já não quero muita coisa", disse o menino, "só um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito cansado."

"Pois bem", respondeu a Árvore, enchendo-se de alegria. "Eu sou apenas um toco, mas um toco é muito útil pra sentar e descansar."

Venha, Menino, depressa, sente-se em mim e descanse."

Foi o que o menino fez.

E a Árvore ficou feliz.


Shel Silverstein.


(Esses dias estava ouvindo uma música e entre os comentários sobre ela, alguém fazia conexão do título da música a essa história, como referência, não sei se conheci essa música antes ou depois do livro, mas até então eu não tinha associado os dois, e essa história também estava adormecida em mim. O fato é que conheci o livro "A árvore generosa" em meados de 2017, é um livro curto como se pode ver e tinha ilustrações, o que sei é que ele me afetou de alguma forma, sua melancolia mexeu comigo, eu me senti aquela árvore, me imaginei em sua solidão enquanto todas as suas partes iam embora. É muito claro que a relação da humanidade com a natureza tem trilhado por esses caminhos, isso quando a própria sociedade e seus iguais pode ser vista dessa maneira, uns com os outros. Assim que terminei de ler comecei transcrever pra esse cantinho aqui mas de alguma forma não consegui terminar e deixei ele quieto. É um livro mais do que necessário, a música diz "a gente sempre espera piorar, a gente sempre deixa de cuidar do que já tem na mão..." Tanto da natureza como dos próprios humanos, "por culpa do depois". É uma verdade muito triste, talvez por isso me afetou tanto em minha solidão, deixo aqui algo que é o oposto desse livro e do qual tenho muito carinho por existir, é outro livrinho curto e delicadamente ilustrado também chamado de "O homem que plantava árvores". É uma história tão enriquecedora quanto, eu a conheci através de um curta metragem de animação, tipo de desenhos com histórias curtas que me abraçam muito com a singeleza de suas histórias que nos marcam com tão pouco tempo, e me encantou e me lembrou do meu avô, das pessoas simples do campo, do silêncio e da espera, da solidão de semear, da esperança, como uma semente para o amanhã, uma semente em que mais do que tudo você precisa acreditar. Anos depois ao acaso encontrei o livro em uma livraria, tão grande foi minha emoção em tocar e saber dele palpável  e que haviam traduzido uma história tão especial para o coração de quem deixa as terras serem abertas para a semente entrar). 



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