
- Miss Nobody
- Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.
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julho
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Tenho um livro sobre águas e
meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe
disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe
disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.
O
menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.
A mãe
reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.
Com o
tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira.
Com o
tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No
escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O
menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi
capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.
A mãe
reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você
vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!
Manoel de Barros.
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